Emboscada milenar? Arqueólogos descobrem armadilhas gigantes de caça pré-históricas na fronteira entre Eslovênia e Itália
Uma rede de enormes armadilhas de caça pré-históricas foi descoberta recentemente próxima à fronteira entre Eslovênia e Itália, levantando novas questões sobre a organização das sociedades da Idade do Bronze na Europa. As megaestruturas de pedra eram capazes de capturar rebanhos inteiros de animais selvagens de uma só vez, sugerindo planejamento e coordenação sofisticados.
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Pesquisadores da Universidade de Liubliana e do Instituto para a Proteção do Patrimônio Cultural da Eslovênia identificaram as construções após realizar um escaneamento a laser aéreo de cerca de 880 quilômetros quadrados da região. Quatro armadilhas até então desconhecidas foram encontradas, com muros que variam de 525 metros a mais de três quilômetros de comprimento, todos levando a poços finais de onde os animais não podiam escapar.
As estruturas, estudadas em artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 14 de outubro, apresentam paredes de calcário compactado com largura entre 90 centímetros e 1,5 metro. Hoje, suas alturas remanescentes chegam a cerca de 45 centímetros, mas os pesquisadores acreditam que originalmente tinham aproximadamente 90 centímetros, formando funis gigantes quando vistas de cima.
Embora a data exata da construção ainda não tenha sido determinada, análises de radiocarbono indicam que as armadilhas caíram em desuso durante a Idade do Bronze Final. Após milênios, o crescimento da floresta acabou escondendo as estruturas, que agora emergem como algumas das maiores armadilhas de caça conhecidas na Europa, comparáveis às “pipas do deserto” do norte da África e do sudoeste da Ásia.
O tamanho e a complexidade das construções sugerem que milhares de horas de trabalho foram necessárias, muito além da capacidade de uma única família estendida. Especialistas estimam que a maior das armadilhas exigiu cerca de 5.000 horas de esforço coletivo, indicando que comunidades inteiras se organizaram para planejar e construir essas infraestruturas.
De acordo com o portal online All That’s Interesting, para os pesquisadores, essas descobertas revelam não apenas a habilidade dos primeiros humanos em coordenar grandes projetos, mas também pistas sobre o acúmulo de excedentes de carne e possíveis banquetes e rituais comunitários. “Trata-se de um capítulo perdido da pré-história europeia”, afirmam, mostrando que sociedades da Idade do Bronze eram provavelmente mais complexas e estruturadas do que se imaginava.
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