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Juliano Cazarré detalha estado de saúde da filha com doença rara: 'Várias horas por dia sem respirador'

29/10/2025 06:31 O Globo - Rio/Política RJ

Juliano Cazarré está com o tempo apertado. De pé desde 5h, quando serviu o café da manhã para a numerosa prole — Vicente, de 15 anos, Inácio, de 12, Gaspar, de 6, Maria Madalena, de 4, Maria Guilhermina, de 3, e Estevão, de 1, todos frutos do casamento com a bióloga Letícia Cazarré —, o artista conta, orgulhoso, que já deixou as crianças na escola, malhou os músculos na academia e, Amém!, participou da liturgia diária no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, na Zona Oeste carioca. São 11h, e ele agora comanda o volante rumo aos Estúdios Globo, onde rodará cenas de “Três Graças”, novela em que interpreta o ex-traficante evangélico Jorginho Ninja, que aparecerá na trama a partir da segunda semana de novembro. No dia seguinte, tudo igual, de novo.
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— Ter seis filhos é trabalhoso, né, cara? Mas fui me acostumando com a rotina — diz o ator, de 45 anos. — Acabei de lembrar, por exemplo, que a despensa lá de casa está vazia. Já sei que esta semana vou ter que parar tudo e abrir mão da ginástica ou de me concentrar no trabalho para ir ao mercado e fazer logo umas compras enormes. Cansa, mas é normal. É a vida como ela é.
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E tem mais. Além da labuta na TV, o artista segue em cartaz até domingo no Teatro Prio, na Gávea, com a peça “Compliance”. O monólogo escrito e dirigido por Fernando Ceylão — sobre um coach que promete a salvação para milhões de seguidores enquanto mantém a própria vida em frangalhos — marca o retorno do gaúcho aos tablados após uma década de dedicação exclusiva ao audiovisual.
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Nesse período, aliás, ao mesmo tempo em que pintou e bordou tipos populares nas telas, Cazarré viu brotar no espelho de casa um homem com forte devoção católica (“Teria que dar um entrevista inteira só para falar de meu processo de conversão religiosa”, ele avisa). Cristão convicto desde 2019 e autodeclarado conservador (“Mas não me vejo como bolsonarista”, enfatiza), o ator admite que, aos olhos de hoje, não teria participado de filmes como “A febre do rato” (2011) e “Boi neon” (2015), obras com “conteúdo sexual forte”, nas palavra dele.
Na entrevista a seguir, o artista comenta determinadas escolhas profissionais, esclarece posicionamentos políticos e detalha o estado de saúde da pequena Maria Guilhermina, que convive, desde o nascimento, com a Anomalia de Ebstein, uma rara doença congênita que afeta a válvula tricúspide do coração.
Como lida com a fama?
Queria ser visto como alguém normal. De uma hora para a outra, as pessoas começaram a me tratar de forma diferente, após o estouro de “Avenida Brasil” (2012). Depois, me acostumei e entendi a importância de ser atencioso. Acontece uma coisa curiosa na minha vida, sabe? Por conta do que ocorreu com a Maria Guilhermina e devido à minha posição de ator católico, recebo muito carinho nas ruas.
Juliano Cazarré em cena da peça 'Compliance'
Pamela Miranda/Divulgação
Na internet é igual?
Confesso que me chateio. É assustador o nível de grosseria de alguns comentários nas redes sociais. Tem uma turma por aí que se diz muito tolerante, mas não aceita quem pensa diferente. São pessoas que acham que o conservadorismo, a direita e o cristianismo não são posições válidas... E aí tratam todo mundo como inimigos a serem combatidos e nos desumanizam.
Concorda com a associação entre a igreja e pautas de um segmento conservador?
Existe uma visão estereotipada de o que é a direita e de o que são os cristãos e conservadores. Essa ideia tem um propósito. É algo feito para ridicularizar quem pensa diferente. E é engraçado porque, se você olhar o Brasil, metade é de um jeito, e a outra metade, de outro jeito. Mas parece que só pode haver uma opinião.
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Diferentemente da religião, a arte tem forte ligação com a transgressão. Como circula entre esses universos?
Às vezes é um pouco solitária a minha posição. Não tenho muitos colegas atores e católicos. Mas sou amigo de todos. E está tudo certo! Tem gente que me agradece pela coragem de me posicionar. Alguns me dizem que também são católicos e que só não abrem isso por causa da publicidade e do backlash. Rola medo de xingamento. Ontem uma menina veio me criticar nas redes por eu dizer que tenho medo de conversar sobre política.
Juliano Cazarré em cena da novela 'Três Graças', na pele do ex-traficante evangélico Jorginho Ninja
Beatriz Damy/TV Globo/Divulgação
Por que tem receio de política?
Estou cansado de ser triturado e trucidado na internet, toda vez que falo qualquer coisa, pela turma que se diz a favor da diversidade, mas, na verdade, quer homogeneidade de pensamento. Diversidade ali é só a cor do cabelo. O resto é tratado com apelidinhos: “bolsonarista”, “negacionista”, “fascista”... Não há debate de ideias.
Vê-se como bols

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