
Vacina e verdade
O combate sem tréguas em prol da saúde das pessoas inclui, necessariamente, o avanço proporcionado pela internet, quando informações verdadeiras são distribuídas, favoráveis à vacina e à ciência.O Brasil é o país de referência para a luta ideológica neste “território” virtual, pois precisa mobilizar recursos a fim de sair do “Mapa da Mentira”: em números absolutos, tem sido o maior em “fake”.São inverdades ou equívocos a granel, com ou sem intencionalidade, levando em conta o estudo “Desinformação Antivacina na América Latina e no Caribe”, divulgado no Dia Nacional de Vacinação, sexta-feira, dia 17.Uma pista, no caso de vontade para investigar, é a concentração, no “Telegram”, de quatro entre cada amostragem de dez mensagens falsas: ou os gestores são permissivos ou os “piratas” preferem esta rede social.Embora o método indutivo prevaleça, a pesquisa pede atenção especial devido a seu gigantesco“corpus” – conjunto de dados para fundamentar ou conferir suporte ao tema, um total de 81 milhões de posts em 1.785 comunidades.Além da quantidade de “veneno” nas infovias, a análise qualitativa flagrou 175 supostos danos atribuídos às vacinas e a oferta de 89 falsos antídotos vendidos para supostamente neutralizar imunizantes.O trabalho do Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Polícias Públicas da Fundação Getúlio Vargas destaca 580 mil conteúdos inverídicos sobre imunização partindo de internautas no Brasil. Entre as alegações descoladas da realidade, estão os seguintes absurdos como resultantes da vacina: morte súbita; alteração do DNAS; Aids; envenenamento; e câncer.Além da óbvia relação de causa e efeito do porte continental do país, a liderança em números absolutos aponta a emergência de regulação do ciberespaço, pauta esquecida no Congresso. A mecânica de mercado, por meio da qual se tem como meta a obtenção de lucro, vem guiando às cegas as plataformas digitais, ao priorizarem os baixos instintos e o medo como tática de ampliação de audiência e vendas.
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