
Sóleo: conheça músculo que pode ajudar a queimar gordura mesmo se você estiver sentado
Sempre se fala sobre como o sedentarismo que muitos de nós levamos é prejudicial à saúde. No entanto, nem sempre tomamos medidas para tentar reverter a situação. O ritmo de vida atual, que inclui longas horas sentado em frente a uma tela, ajuda em nada. No entanto, há um músculo no corpo que não é exatamente um dos mais conhecidos e que, quando ativado com um pequeno movimento (veja ilustração abaixo), pode atenuar os efeitos negativos de ficar sentado por longos períodos.
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Este é o sóleo, localizado na parte posterior da perna, logo abaixo do gastrocnêmio (músculo da panturrilha visível a olho nu), entre o joelho e o calcanhar. O sóleo se origina na parte superior da tíbia e da fíbula e se une ao tendão de Aquiles, que se insere no osso calcâneo do calcanhar. Juntamente com o gastrocnêmio, forma o tríceps sural, o grande grupo muscular que compõe a panturrilha.
A principal função deste músculo é permitir a flexão plantar do pé, o movimento que fazemos ao impulsionar o chão com a planta dos pés, por exemplo, ao subir escadas. Mas seu papel mais importante é nos manter eretos e facilitar o retorno venoso quando estamos em pé ou sentados, agindo como uma "bomba muscular" que impulsiona o sangue de volta ao coração.
"O músculo sóleo pode atuar como uma bomba de sangue. Quando se contrai, ele 'comprime' as veias da panturrilha, ajudando o sangue a fluir de volta para o coração. Dessa forma, evitamos a estagnação do sangue. Além disso, ao contraí-lo, queimamos calorias", explica Armando Felix, mestre em nutrição, ao jornal El Comercio.
Sedentarismo
Segundo Felix, “pessoas que ficam sentadas por mais de oito horas por dia têm um risco 147% maior de eventos cardiovasculares e um risco 90% maior de mortalidade cardiovascular”. Além disso, aqueles que ficam sentados por longos períodos de tempo têm “quase três vezes mais risco de trombose venosa profunda em comparação com aqueles que se movimentam regularmente”, explica.
"Isso acontece porque o fluxo sanguíneo é mais lento, pois, quando nos movimentamos, a contração muscular nas pernas atua como uma 'segunda bomba' que ajuda a devolver o sangue ao coração. Quando ficamos sentados, essa bomba não funciona. O sangue fica estagnado nas pernas", acrescenta.
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A redução do fluxo sanguíneo diminui a produção de óxido nítrico, que ajuda a manter as artérias abertas e flexíveis. Quando ficamos sentados por longos períodos, as artérias enrijecem e a pressão arterial aumenta. Tudo isso aumenta a probabilidade de formação de coágulos (trombose) e desenvolvimento de aterosclerose (acúmulo de placas nas artérias), o que pode levar a ataques cardíacos e derrames.
Felix explica que a inatividade dos músculos das pernas e dos glúteos suprime a atividade de uma enzima chamada lipoproteína lipase. Essa enzima é responsável por capturar e queimar a gordura circulante no sangue para obter energia. Quando sua atividade é reduzida, os níveis de triglicerídeos aumentam e o colesterol "bom" (HDL) diminui. Músculos inativos também se tornam resistentes à insulina.
A glicose consumida não consegue entrar eficientemente nas células musculares para ser utilizada, então se acumula no sangue, forçando o pâncreas a produzir mais insulina. Isso pode levar ao diabetes tipo 2 e à doença hepática gordurosa.
Músculo como nenhum outro
Marc Hamilton, professor de Saúde e Desempenho Humano na Universidade de Houston (EUA), descobriu em 2022 que a ativação desse músculo — que representa apenas 1% do peso corporal — pode manter o metabolismo oxidativo elevado e melhorar a regulação da glicemia, ainda mais do que métodos populares como exercícios, perda de peso e jejum intermitente.
O metabolismo oxidativo é o processo pelo qual o oxigênio é usado para queimar metabólitos como glicose ou gorduras do sangue, mas depende, em parte, das necessidades energéticas imediatas do músculo durante sua atividade. Ao contrário da maioria dos músculos, que recorrem ao glicogênio armazenado para obter energia e se cansam rapidamente, o sóleo usa principalmente glicose e gorduras presentes no sangue, permitindo que ele permaneça ativo por horas sem exaustão.
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Essa peculiaridade faz com que ele funcione como uma bomba metabólica constante, capaz de manter um metabolismo oxidativo elevado mesmo em repouso. Ao fazer isso, ele promove a queima contínua de gordura e o controle dos níveis de açúcar, ajudando a estabilizar a glicemia e a melhorar a sensibilidade à insulina.
“Nunca imaginamos que esse músculo tivesse essa capacidade. Ele está em nossos corpos há muito tempo, mas ninguém havia investigado como usá-lo para otimizar nossa saúde — até agora”, observou Hamilton em um comunicado à imprensa.
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