
Rio de Janeiro amplia cobertura de saúde básica de 3,5% para mais de 80%, segundo revista britânica
A cidade do Rio de Janeiro é destaque em estudo da revista britânica The Lancet, uma das mais respeitadas publicações de medicina do mundo. No artigo "No time to wait: resilience as a cornerstone for primary health care across Latin America and the Caribbean" ("Sem tempo a perder: a resiliência como pedra angular da atenção primária à saúde na América Latina e no Caribe", em tradução livre), publicado na edição de outubro da "The Lancet Regional Health – Americas", revista da família The Lancet focada especialmente em pesquisas sobre as Américas, a cidade é tida como exemplo por seu enfrentamento a epidemias nos últimos anos.
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Como lembra o estudo, o Rio passou por diversos eventos que desafiaram o sistema de saúde público nas últimas décadas, da dengue à Covid-19, passando por ondas de calor e pela constante violência armada. Até o ano de 2008, o sistema municipal de saúde era centrado em hospitais e carecia de unidades de Atenção Primária de Saúde (APS) fortes. Com isso, a epidemia de dengue daquele ano, que registrou mais de 235 mil casos, levou a uma intervenção federal para contornar a situação.
A partir dessa crise, no entanto, o sistema de saúde do município começou a se desenvolver, especialmente a partir da expansão e da capacitação da APS. Conforme a pesquisa, a cobertura pelas equipes de saúde da família saltou de 3,5% em 2008 para mais de 70% em 2016, alcançando mais de 80% em 2024 — o que acarretou melhorias nos índices de mortalidade infantil e nas internações evitáveis, e também melhorou o controle de doenças crônicas na população.
O artigo ainda destaca como se deu o enfrentamento à pandemia de Covid-19. No começo, a APS sofria desgastes por falta de investimentos, como escassez de profissionais, falta de insumos. No entanto, a partir de 2022, o sistema foi capaz de ampliar a testagem e o rastreamento de contatos, a proteção a grupos vulneráveis, e manutenção do cuidado de rotina e apoio à vacinação.
O texto ainda menciona a epidemia de dengue de 2024, que atingiu mais de 100 mil casos. Na ocasião, a APS foi capaz de atuar como porta de entrada, gerenciar a demanda e identificar casos graves, sem comprometer o cuidado a pacientes essenciais, reduzindo a pressão sobre os serviços de emergência. Também é elogiado o planto de contingência implementado na cidade para mitigar problemas em decorrência das mudanças climáticas, como a inclusão de pontos de hidratação em unidades de saúde e áreas públicas.
Em conclusão, o artigo da The Lancet avalia que o sistema municipal de saúde carioca evoluiu ao longo dos anos, transformando as APS de um ponto de entrada para um centro de resposta, continuidade e inovação.
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