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Reunião do FMI com chefes de bancos centrais tem preocupação no radar

12/10/2025 15:34 O Globo - Rio/Política RJ

Os chefes de bancos centrais, já inquietos com as tensões comerciais e o crescimento das dívidas públicas, enfrentarão um novo motivo de preocupação na próxima semana: o perigo de um colapso no mercado financeiro.
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Autoridades globais e ministros das Finanças vão se reunir em Washington para as reuniões de outono (no Hemisfério Norte) do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, após uma série de alertas de que uma bolha de ações concentrada em empresas de inteligência artificial possa estourar em breve.
Do Brasil, Gabriel Galípolo viajará à capital americana para a série de encontros com seus pares globais.
A diretora geral do FMI, Kristalina Georgieva, reconheceu o risco à estabilidade financeira em um discurso na quarta-feira, quando antecipou os principais temas de discussão dos próximos dias.
— As avaliações estão se aproximando dos níveis que vimos durante o período de euforia com a internet há 25 anos — disse ela. — Se ocorrer uma correção brusca, condições financeiras mais apertadas podem frear o crescimento global, expor vulnerabilidades e tornar a vida especialmente difícil para os países em desenvolvimento.
O alerta de Kristalina foi mais direto do que os comentários feitos pelo FMI em outubro de 2000, quando o relatório World Economic Outlook (Panorama Econômico Mundial, em tradução livre) descreveu as avaliações das ações como “ainda elevadas” e mencionou o potencial de que os desequilíbrios se desfizessem “de maneira desordenada”.
Poucos meses depois, a força das vendas nos mercados foi tamanha que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) foi obrigado a fazer um corte emergencial de meio ponto percentual na taxa de juro americana.
Mesmo antes de a nova ameaça tarifária de Donald Trump contra a China ter derrubado as bolsas na sexta-feira, autoridades já viam paralelos preocupantes.
O Banco da Inglaterra alertou recentemente para o risco de uma “correção acentuada nos mercados”, dirigentes do Banco Central Europeu manifestaram preocupação publicamente, e o Banco da Reserva da Austrália também apontou vulnerabilidades neste mês.
Essas preocupações vêm se acumulando há algum tempo. Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) receberam, em sua última reunião de política monetária há mais de um mês, um alerta sobre “correções de preços súbitas e acentuadas”. Enquanto isso, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, observou em setembro que os mercados estão “altamente valorizados”.
Na semana que vem, o Relatório de Estabilidade Financeira Global do FMI — uma publicação que nem existia no ano 2000 — deve atrair mais atenção do que o habitual na terça-feira. O mais recente World Economic Outlook (WEO), com as projeções econômicas globais, também será divulgado.
As declarações de ministros do G7 e do G20 que participarem do encontro do FMI também serão examinadas de perto, assim como a cacofonia de autoridades que provavelmente compartilharão suas opiniões.
— A inteligência artificial pode ser uma bolha. Mas também é uma força imparável. O FMI está, sem dúvida, certo ao alertar que as avaliações estão esticadas. O que é mais duvidoso é se esses alertas terão efeito sobre investidores dominados pelo medo de ficar de fora — disse Tom Orlik, economista-chefe global da área de pesquisas da Bloomberg.
Em outras partes do mundo, os dados de comércio e de preços ao consumidor da China e da Índia, os números de salários e crescimento do Reino Unido, e o anúncio do Prêmio Nobel de Economia — que será feito na segunda-feira, em Estocolmo — estarão entre os principais destaques da semana.
Enquanto isso, a perspectiva de uma nova guerra comercial entre Pequim e Washington deverá atrair a atenção de investidores e formuladores de políticas.
Na sexta-feira, Donald Trump anunciou uma tarifa adicional de 100% sobre a China, além de controles de exportação sobre “qualquer e todo software crítico” a partir de 1º de novembro, poucas horas depois de ameaçar cancelar uma reunião marcada com o presidente Xi Jinping.
A medida veio após a China impor novas taxas portuárias a navios americanos, abrir uma investigação antitruste contra a Qualcomm e anunciar amplas novas restrições às exportações de terras raras e outros materiais críticos.

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