
Arcebispo de Aparecida defende construção de passarela para romeiros na Via Dutra
O Santuário Nacional de Aparecida participa das discussões para a construção de uma passarela voltada aos peregrinos que caminham pela Via Dutra. Após a missa solene das 8h, na basílica, o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, afirmou que a rodovia se tornou também um “santuário”.
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— É super necessário. A Dutra se transformou num santuário de um povo caminhante. Dutra então também é muito perigosa. Eu louvo e já estamos dialogando com grande apoio do Santuário e das instituições para que haja então uma solução para resguardar a vida do povo -- observou dom Orlando Brande.
Durante a celebração, que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, o arcebispo saudou os romeiros e reforçou a importância do projeto.
— Minha gente querida, 40 mil pessoas vindo a pé merecem todo o cuidado e zelo dos poderes constituídos — assinalou.
A proposta da passarela está em análise pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A concessionária RioSP, responsável pela administração da rodovia, planeja criar uma via exclusiva de 134 quilômetros para romeiros entre Arujá e Aparecida, passando por Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Roseira e Pindamonhangaba.
A faixa, independente da rodovia, teria entre 3 e 7 metros de largura, com espaço para peregrinos a pé e de bicicleta. As obras estão previstas para começar em 2026, com financiamento integral da concessionária.
Acidentes recorrentes
Durante o período da Novena e da Festa da Padroeira, acidentes são frequentes. Em 7 de outubro, um pneu de caminhão se soltou na altura do km 138, em São José dos Campos, e atingiu um romeiro, que sofreu ferimentos leves. No dia seguinte, um homem morreu atropelado em um trecho de baixa iluminação, no km 55, em Lorena. Já no dia 10, dois veículos colidiram e atingiram dois romeiros, que se feriram levemente.
Riscos no acostamento
O GLOBO acompanhou o trajeto entre Guarulhos e Aparecida e constatou a apreensão dos romeiros com os riscos. Muitos usam faixas reflexivas e luzes para chamar a atenção dos motoristas.
O auxiliar financeiro Jackson Gonçalves de Melo, de 25 anos, enfrentou dificuldades desde Guarulhos até o Santuário.
— A gente fica exposto a todo tipo de acidente. Passamos grande risco andando de madrugada. Comentei com outros romeiros que precisava existir um espaço para nossa segurança — afirmou ele, que completou o percurso mancando, com dores nos pés, mas emocionado.
O caminhoneiro Rafael Basílio, de 37 anos, fez o trajeto entre Osasco e Aparecida e relatou momentos de tensão.
— Saímos às 4h debaixo de chuva e pedalamos sete horas. As carretas passam jogando a gente pro acostamento — disse o ciclista.
Para ele, a passarela será uma bênção.
— Já passou da hora. Vemos muitos acidentes a cada ano. Enfrentamos o risco para ter o prazer de vir pedalando. Chegamos renovados — comentou, ao lado de um amigo, em sua nona jornada.
A cabeleireira Maria de Sá, de 59 anos, destacou que nem sempre os romeiros seguem as normas e lembrou que há trechos sem acostamento.
— Acho louvável a construção de uma via para os romeiros. É arriscado. Por mais que se recomende andar em fila indiana, há quem caminhe lado a lado em quatro ou cinco. E tem lugar que nem acostamento tem — observou.
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