Quem é Django? Viúva e cunhada de chefe do PCC abriram lojas de pelúcias para lavar dinheiro, diz MP
A viúva e a cunhada de Cláudio Marcos de Almeida, o "Django", são alvos de operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Polícia Civil de São Paulo e da Secretaria de Estado da Fazenda nesta quarta-feira. As empresárias Natalia Stefani Vitoria e a irmã, Priscila Carolina Vitoria Rodrigues, são acusadas de montar um esquema de lavagem de dinheiro com lojas de brinquedos para o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção da qual Django era chefe até ser assassinado, em 2022.
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Segundo o MP, Django foi "participante ativo e de destaque do comércio de drogas em larga escala, além de armamento pesado para a facção". Ele foi assassinado em janeiro de 2022, em meio a disputas internas da organização criminosa. Django foi encontrado enforcado em um viaduto em São Paulo.
Ele foi apontado como um dos sócios da UPBus, empresa de ônibus que tinha contratos para a operacionalização do transporte público na capital paulista e é suspeita de lavar dinheiro para o PCC.
Em abril do ano passado, o nome de Django voltou à tona depois de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach assinar uma proposta de acordo de delação premiada com o MPSP para entregar integrantes da facção por lavagem de dinheiro, além de policiais civis. No documento, ao qual o GLOBO teve acesso em sua íntegra, o empresário afirma ter informações que comprometiam três membros do PCC, incluindo Django.
Gritzbach relatou ter sido vítima de um sequestro seguido de uma sessão de tortura determinada pela facção. O crime, que aconteceu em janeiro de 2022 no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Segundo a investigação da polícia, Gritzbach foi acusado pelo PCC de ter dado um desfalque de R$ 100 milhões nos cofres da facção e, em seguida, de ter mandado matar o megatraficante internacional e integrante do PCC Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta.
Após o assassinato, integrantes da facção planejaram o sequestro do corretor para tentar reaver o dinheiro e vingar a morte do comparsa. O delator apontou Django como um dos participantes da sessão de tortura. Gritzbach foi assassinado a tiros em novembro de 2024.
Na Operação Plush, deflagrada nesta quarta, a Justiça autorizou o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão — quatro deles em estabelecimentos de shopping centers na capital, em Guarulhos e em Santo André.
Os investigadores apuraram que a ex-companheira de Django e a irmã não possuíam ocupação lícita declarada — ainda assim, "realizaram vultosos investimentos" em quatro lojas de uma rede de franquias. A operação recebeu o nome de Plush numa referência ao ramo das atividades do grupo: o comércio de pelúcias.
O Poder Judiciário também autorizou o sequestro e o bloqueio de bens e valores no total de R$ 4,3 milhões para garantir futura reparação do dano, pagamento de custas processuais e de penas pecuniárias.
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