
Netanyahu afirma que guerra terminará após desarmamento do Hamas
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, no sábado, que a guerra em Gaza terminará assim que a segunda fase da trégua for concluída, que estabelece o desarmamento do movimento islâmico palestino Hamas.
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"A Fase B também envolve o desarmamento do Hamas, ou mais precisamente, a desmilitarização da Faixa de Gaza e, antes disso, o confisco das armas do Hamas", declarou Netanyahu ao Canal 14 da televisão.
"Quando isso for alcançado com sucesso — espera-se que facilmente, mas se não, decisivamente — a guerra terminará", acrescentou.
Suas declarações foram feitas após o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezedin al-Qassam, anunciar a devolução dos corpos de dois reféns.
O gabinete de Netanyahu confirmou posteriormente que, por meio da Cruz Vermelha, os corpos de dois reféns foram entregues às forças de segurança israelenses em Gaza e estão sendo levados a um centro médico em Israel para identificação.
O Hamas resiste à ideia de desarmamento e, desde o cessar-fogo, tenta retomar o controle de Gaza.
Novo Mandato
Netanyahu, que está no poder intermitentemente há 18 anos, comunicou, na noite de sábado, que concorrerá a um novo mandato nas eleições de 2026.
Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA alertou, no sábado, que possui "relatos confiáveis" de que o Hamas planeja atacar civis em Gaza. "Caso o Hamas realize tal ataque, medidas serão tomadas para proteger a população de Gaza e preservar a integridade do cessar-fogo", afirmou o Departamento em um comunicado.
Israel declarou que condicionará a reabertura da passagem de Rafah ao retorno de todos os reféns falecidos.
Ao mesmo tempo, o Hamas respondeu que o fechamento da passagem atrasará o retorno dos corpos dos reféns.
A passagem de Rafah, entre Gaza e o Egito, está sendo reivindicada por agências humanitárias como crucial para a entrada de ajuda no território palestino.
O chefe das operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, visitou a Cidade de Gaza no sábado e destacou a tarefa monumental que as organizações internacionais de ajuda enfrentam para fornecer serviços básicos e alimentos à devastada Faixa de Gaza.
"Estive aqui há sete ou oito meses. A maioria desses prédios ainda estava de pé. Mas agora é absolutamente assustador ver como grande parte da cidade se tornou um deserto", indicou à AFP.
"Agora temos um plano massivo de 60 dias para aumentar o suprimento de alimentos, distribuir um milhão de refeições por dia, começar a reconstruir o setor de saúde, montar tendas para o inverno e levar centenas de milhares de crianças de volta à escola", explicou.
Busca por corpos
Na Faixa de Gaza, equipes de resgate lutam para recuperar corpos soterrados sob os escombros, enquanto o Hamas tenta localizar os restos mortais dos reféns israelenses que devem ser entregues a Israel.
Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo a partir de 10 de outubro, com o movimento islâmico libertando todos os reféns, vivos ou mortos, até a última segunda-feira. A organização libertou os 20 reféns vivos a tempo, mas entregou apenas os restos mortais de 10 dos 28 mortos.
Na manhã de sábado, as autoridades israelenses anunciaram a identificação dos restos mortais — entregues na sexta-feira à noite — de Eliyahu Margalit, um septuagenário morto durante o ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.
Por sua vez, Israel devolveu os corpos de 15 palestinos ao território, elevando o número total de corpos repatriados sob o acordo para 135.
O Hamas, que governa Gaza desde 2007, reiterou, na sexta-feira, que devolverá a Israel os corpos de todos os reféns que continuam no território, mas reconheceu que o processo de restituição "pode levar algum tempo".
"Violações" do acordo
Israel, que aponta que esses atrasos constituem uma violação dos termos do acordo de trégua, ressaltou que não "cederá" até o retorno de todos os reféns falecidos.
O Hamas também denuncia "inúmeras violações", incluindo a morte de 37 pessoas baleadas pelas forças israelenses desde 10 de outubro.
As próximas etapas do plano de paz, promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, incluem o desarmamento do Hamas, a anistia ou desarmamento de seus membros e uma retirada completa de Israel, contudo, não há acordo sobre esses pontos.
O ataque de 7 de outubro deixou 1.221 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma reportagem da AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva israelense causou 67.967 mortes no enclave palestino, a maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde local, considerados confiáveis. Autoridades locais estimam que haja quase 10 mil corpos entre as ruínas.
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