
Pressão na torcida, respaldo na diretoria: Davide Ancelotti tenta mudar rumos do Botafogo em visita ao Ceará
Não está fácil a vida do italiano Davide Ancelotti no Botafogo. Com apenas duas vitórias nas últimas oito partidas da equipe no Brasileirão — além de quatro derrotas e dois empates —, o técnico chega ao confronto de hoje, às 18h30, contra o Ceará, no Castelão, pressionado por melhores resultados.
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Em sua primeira experiência como treinador principal, Davide tem sido criticado por torcedores justamente pela falta de experiência que demonstra em alguns momentos das partidas, especialmente quando são necessárias alterações táticas. Além disso, no futebol brasileiro, onde é comum a presença de técnicos mais explosivos à beira do campo, o comportamento sereno do italiano — embora ele demonstre insatisfação com erros e oriente seus jogadores durante os 90 minutos — também virou alvo de críticas entre os botafoguenses.
Desfalques atrapalham
Internamente, porém, a avaliação principal da diretoria é de que a sequência de desfalques tem minado o trabalho de Davide. Contra o Flamengo, foram nove baixas. Para o jogo de hoje, o treinador terá o retorno de Newton no meio-campo, mas seguirá sem quatro titulares. O capitão Marlon Freitas e o zagueiro Alexander Barboza estão suspensos por acúmulo de cartões amarelos. Além deles, o centroavante Arthur Cabral — que vive jejum de sete partidas sem marcar e já vinha atuando no sacrifício por conta de problemas físicos — sofreu uma fratura na mão direita no clássico e não estará à disposição, assim como Savarino, com dores musculares. Nathan Fernandes, reserva, é outro desfalque de última hora: recuperado após cirurgia no braço, sofreu lesão muscular no posterior da coxa direita no treinamento de anteontem. Ele ficará fora provavelmente até o fim do Brasileirão.
Por isso, a avaliação interna é que seria injusto medir o trabalho de Davide apenas pelos resultados recentes, já que o time tem atuado sem peças fundamentais — como o zagueiro Kaio Pantaleão e o meio-campista Álvaro Montoro, ambos titulares. A cúpula de futebol também entende que vários pilares da equipe atravessam má fase. Savarino é um exemplo. Esses fatores, somados, garantem certa segurança ao treinador, que não deve ser demitido independentemente do resultado desta noite.
— Quando vemos que nosso artilheiro tem quatro gols significa que é um time que joga, compete, defende bem e tem problemas de gols. Vamos seguir procurando oportunidades melhores — analisou o treinador após a derrota na última quarta-feira. — Como um dos líderes desse grupo, tenho a minha responsabilidade. Se tenho medo de ser mandado embora? Isso não posso controlar. Eu estou aqui para conseguir um objetivo (vaga no G4), e estou feliz e empolgado para conseguir. É um ambiente que gosto, porque gosto das pessoas. Até quando (estarei aqui)? Isso não depende de mim — concluiu.
Erros são ponderados
Apesar dos maus resultados, o ambiente interno é considerado positivo. Davide é bem avaliado por quem convive no CT Lonier pela forma aberta com que conduz o elenco, sempre disposto a ouvir os jogadores. Os atletas, por sua vez, elogiam o técnico pelos treinos bem estruturados e pelo bom clima de trabalho.
Ainda assim, há críticas. Uma delas é a rigidez do treinador em seguir o conceito das “substituições entre 60 e 65 minutos”, criado na Inglaterra, segundo o qual as mudanças a partir dos 15 minutos da segunda etapa permitiriam aproveitar o cansaço dos adversários sem comprometer o equilíbrio da equipe. No caso de Davide, suas primeiras substituições no Brasileiro ocorrem, em média, aos 9 minutos do segundo tempo — por volta dos 54 do jogo —, o que gera questionamentos, embora os desfalques possam explicar parte disso.
Outro ponto discutido é o poder de liderança. Há quem entenda que o italiano poderia ser mais enérgico nas cobranças e na mobilização geral do elenco.
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