Mauricio de Sousa: maior quadrinista do Brasil completa 90 anos com homenagens no cinema e na literatura
Uma festa intimista, mas grande, é como prometem ser as comemorações de aniversário de Mauricio de Sousa, que completa nesta segunda-feira (27), longe dos holofotes, seus 90 anos. Segundo a família, o mais importante quadrinista do país, mesmo aposentado, passa o tempo lendo gibis e livros da sua produtora, a MSP Estúdios. E assistindo doramas (as novelas sul-coreanas) com a mulher, a também desenhista Alice Takeda.
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Na terça-feira passada, ele fez uma rara aparição pública na pré-estreia de sua cinebiografia, “Mauricio de Sousa: O filme”, exibido na Cinemateca Brasileira, dentro da programação da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em cartaz nos cinemas desde quinta-feira, o filme dirigido por Pedro Vasconcelos faz parte dos muitos lançamentos que homenageiam ao artista e empresário.
No âmbito editorial, o destaque é a edição comemorativa “MSP: 90”, em que quadrinistas da nova geração fazem uma releitura de sua obra, e a graphic novel “Mauricio: Repórter”, que revisita, entre ficção e realidade, os anos no jornalismo do pai da Mônica. Outra obra dedicada aos 90 anos é “Mauricio: Aniversários”, edição de 124 páginas que revisita em quadrinhos os momentos mais marcantes da trajetória do autor.
— Meu pai está agitado com essa movimentação — diz Marina Sousa, filha mais nova de Mauricio. — A gente vai cantar parabéns aqui, reunindo familiares e uns poucos amigos mais próximos. Ele já passou o bastão, mas ainda frequenta a empresa e mantém contato com a gente. Ele é muito simbólico. É o Mauricio de Sousa, né?
'Turma da Mônica: Laços' (2019)
Divulgação
Em maio, Marina assumiu como diretora-executiva do MSP Estúdios. Fundada pelo pai há 60 anos, a empresa vendeu um bilhão de gibis, licenciou mais de quatro mil produtos, produziu diversas animações e outras atrações audiovisuais para streaming, TV e cinema. O império ainda conta na direção com Marcos Saraiva e Mauro Sousa, respectivamente neto e filho do quadrinista. Na transição, descrita como natural e tranquila, Alice Takeda e Mônica Sousa também deixaram suas funções executivas para assumirem cadeiras no conselho da companhia.
Antes de assumir a direção ao lado da irmã e do sobrinho, Mauro foi ator de teatro e o responsável por cuidar dos espetáculos da Turma da Mônica nos palcos. Este passado foi levado em consideração para ser selecionado como intérprete do pai na cinebiografia.
Mauro Sousa interpreta o pai no cinema
Divulgação
— Não tinha experiência no cinema, apenas no teatro. Quando o Pedro me convidou a interpretar meu pai, fui meio resistente. Mas ele insistiu, disse que ninguém conhecia mais este personagem do que eu. Aceitei e quando fui falar com meu pai, ele disse: “claro que é você” — lembra Mauro. — Tudo era novo para mim, nunca havia pisado num set. Mas sentia uma segurança pelo conhecimento que tinha do personagem.
Suspeito de subversão
O ator lembra que conversou diariamente com Mauricio para pedir conselhos ou tirar pequenas dúvidas.
— Várias vezes ele falava, “esse momento foi assim e assado”. Sempre respeitei os toques. O filme ficou a cara dele: leve e fofo — conta Mauro, que espera que o público descubra coisas novas sobre seu pai, como foi com ele. — Aprendi muitas coisas, como o período em que foi “cancelado” e acusado de subversivo (por sua atuação na Associação de Desenhistas de São Paulo, no início dos anos 1960).
Mauro espera que o filme repita o bom desempenho de adaptações recentes do universo de seu pai para os cinemas, como “Turma da Mônica: Laços” (2019) e “Turma da Mônica: Lições” (2021), ambos de Daniel Rezende, e “Chico Bento e a goiabeira maraviósa” (2024), de Fernando Fraiha, visto mais mais de um milhão de espectadores nos cinemas no primeiro semestre. E que o longa possa render continuações, afinal “não faltam histórias” do pai.
Como seus irmãos, Mauro também inspirou um personagem que foi parar nos quadrinhos: o Nimbus. O ator se viu nas páginas de revista quando tinha sete anos e começou a ter noção de quem era seu pai.
— Queremos manter este legado. São muitos os projetos. Nos quadrinhos, nos games, no streaming, no teatro, nos aplicativos e no cinema. Nosso próximo filme será uma animação do “Horácio”, personagem favorito do meu pai, com direção do Carlos Saldanha — adianta.
‘Porta de entrada para a leitura’
Para Mauricio e família, o aniversário também é uma oportunidade de olhar para o passado e refletir sobre o seu legado. O quadrinista está presente na formação de diversas gerações de brasileiros, que aprenderam a ler com seus gibis e continuaram mergulhando na Turma da Mônica até a vida adulta.
Esse carinho foi sentido em 2023, quando fãs fizeram campanha nas redes sociais por Mauricio de Sousa na Academia Brasileira de Letras. Em favor do quadrinista, os leitor
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