
Lula quer definir nesta semana sucessão de Barroso, alternativas para fechar contas de 2026 e futuro de Boulos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca em Brasília nesta terça-feira (14), após viajar para Roma, com três assuntos na mesa como prioridades para definição:
o nome que vai ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF);
as alternativas para substituir a medida provisória (MP) que aumentava tributos e previa impulsionar a arrecadação para fechar as contas em 2026, mas deixou de valer sem ser analisada pelo Congresso; e
o futuro do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que vem sendo cotado para assumir um ministério no Palácio do Planalto.
Lula deve se reunir com ministros e líderes durante a semana para decidir sobre as três pautas. Nesta segunda-feira (13), o presidente concedeu entrevista em Roma, onde participou da Semana Mundial da Alimentação, liderada por organismo multirateral da ONU, e também se encontrou pela primeira vez com o Papa Leão XIV.
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Na conversa com jornalistas, o presidente foi questionado sobre quem indicará para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
Lula disse que ainda vai "conversar com muita gente" antes de fazer o anúncio.
"Eu quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, eu quero uma pessoa que seja antes de tudo uma pessoa gabaritada para ser ministro da Suprema Corte. Eu não quero um amigo. Eu quero um ministro da Suprema Corte que terá como função específica cumprir a Constituição brasileira. É isso que eu quero", declarou o presidente.
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Na semana passada, Lula também afirmou publicamente que nesta semana iria se reunir com o governo para discutir como vai recompor a redução de R$ 20 bilhões na previsão de arrecadação de 2026.
O governo contava com o aumento da arrecadação por meio de uma medida provisória para atingir a meta fiscal de 2026, de um superávit de R$ 34 bilhões. Mas a Câmara dos Deputados impôs uma derrota ao governo e não votou a MP, que perdeu a validade.
Em entrevista na quarta-feira (8), à Rádio Piatã FM, da Bahia, o presidente Lula lamentou a decisão do Congresso. Lula afirmou que vai discutir alternativas, como uma proposta para aumentar a tributação das fintechs, empresas que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros.
"Eu vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs –e tem fintech hoje maior do que banco –, que elas paguem o imposto devido a esse país”, disse o presidente Lula à rádio.
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Sucessão de Barroso
A aposentadoria de Barroso, anunciada na semana passada, abriu mais uma vaga no STF — a terceira indicação de Lula desde o início do atual mandato.
Entre os nomes cotados, estão:
Jorge Messias, advogado-geral da União e nome de confiança direta do presidente;
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado e aliado de Davi Alcolumbre;
Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU);
Daniela Teixeira, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é considerada a principal alternativa caso aumente a pressão por uma indicação feminina.
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O critério da confiança pessoal tem orientado as últimas escolhas de Lula — como as de Cristiano Zanin e Flávio Dino. No entanto, a pressão de movimentos jurídicos e sociais por uma mulher, e especialmente por uma mulher negra, vem crescendo nos últimos dias.
Lula disse a aliados que iria indicar o sucessor de Barroso rápido, assim que voltasse de Roma, portanto, a partir desta terça-feira (14). Messias é visto como o favorito do presidente.
Segundo ministros próximos, Lula e Messias se aproximaram muito nos últimos meses, desde a indicação de Dino. Outro ponto que aliados avaliam é que o presidente não quer perder tempo para não desgastar relação com o Supremo.
Alternativas à MP e retaliação
A derrota na semana passada na Câmara dos Deputados impôs ao governo uma dificuldade para cumprir a meta do Orçamento em 2026, em parte porque não houve uma redução dos gastos.
O governo se propôs a impedir o aumento de gastos públicos, mas a tarefa está longe de ser alcançada. Uma das medidas de contenção de despesas, a exigência de biometria para quem já recebe benefícios sociais como o BPC e Bolsa Família, não saiu do papel. A iniciativa para impedir fraudes e irregularidades representaria R$ 2,5 bilhões de economia por ano, mas não entrou em vigor de maneira efetiva.
No Congresso, as ações de redução de despesas defendidas pelo governo também não andaram. O corte dos chamados supersalários no funcionalismo público, a reforma da Previdência dos militares e a revisão de benefícios fiscais seguem sem previsão de votação.
Do lado da arrecadação, o governo se empenhou a votar no Congresso um aumento de impostos – que não av
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