Henrique Oliveira exibe novas obras em Londres e Taiwan
Tapumes são, como o próprio nome indica, estruturas usadas para encobrir algo. Na obra de Henrique Oliveira, porém, as chapas feitas de compensado são alçadas à nobre função de revelar. Fazem isso ao serem transformadas em esculturas de grandes dimensões capazes de interferir na arquitetura de galerias de arte do mundo inteiro e intrigar o público em exibições ao ar livre. Aspectos que marcam os 30 anos de carreira do artista nascido em Ourinhos, no interior de São Paulo, e aparecem latentes em duas criações mais recentes.
A obra “Desnatureza 8”, em exibição até 2 de novembro na Frieze Sculpture, em Londres, se assemelha a troncos e raízes e evoca a verdadeira origem do material que seria descartado pela construção civil. “Em muitos casos, coleto a madeira em caçambas e terrenos baldios, quando estaria justamente em seu último momento de vida. É como se interrompesse esse ciclo, num resgate da forma como aparecia na natureza”, diz o artista, que elaborou, ao longo de cinco anos, uma técnica própria de lidar com essa matéria-prima.
Henrique vive, há cinco anos, em Londres
Egami Productions
Morando há cinco anos em Londres, Henrique já expôs individuais em Nova York, Paris e São Paulo e inaugura, no próximo dia 1º, uma instalação de 50 metros de comprimento na Bienal de Taipei, em Taiwan. Será uma intervenção no Taipei Fine Arts Museum, separada, entre o exterior e o interior da instituição, por um vidro. “Fala sobre a cisão entre duas partes que não podem mais se reconectar”, adianta, a respeito do trabalho cuja inspiração parte das palafitas.
Se as formas orgânicas do artista transportam o público para cenários fantásticos, a observação criteriosa de seu processo criativo é um convite a reflexões urgentes e concretas. Sócia-diretora da Almeida & Dale, galeria que o representa em São Paulo, Hena Lee reconhece que as criações são relevantes não somente pelo reaproveitamento de materiais, mas por reformular, de maneira simbólica, a relação entre homem, natureza e espaço urbano. “Ele nos instiga a refletir sobre o ciclo de transformação da matéria e do mundo ao nosso redor. E nos revela como a paisagem urbana é também um organismo vivo, sujeito à reinvenção.”
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