
Habitat Marte: conheça o projeto brasileiro que simula o ambiente do planeta vermelho; veja fotos
Um lugar de chão rochoso e avermelhado, em um ambiente quente e seco, abriga uma grande estrutura futurista erguida no meio do espaço. Lá, pessoas vestidas com roupas espaciais exploram e testam novas tecnologias em um terreno de 70 hectares. Essa é a rotina do Habitat Marte, um projeto brasileiro que simula o planeta vermelho no interior do Rio Grande do Norte e se tornou referência em toda a América Latina.
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Em entrevista ao GLOBO, o pesquisador responsável pelo projeto, Julio Rezende, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, contou como a ideia surgiu e detalhou algumas tecnologias espaciais testadas no simulador de realidade extraterrestre. Segundo ele, atualmente estão sendo desenvolvidas pesquisas na área da agricultura, saúde e engenharia, mas que o local não se limita apenas a esses campos.
— A estrutura que temos é voltada a dar suporte a estudos associados ao espaço e à Terra. Estamos sempre tentando inovar — afirma o professor.
Tecnologia, infraestrutura e atividades simuladas
O simulador de realidade extraterrestre começou a funcionar em dezembro de 2017, após Rezende se inspirar em um projeto semelhante nos Estados Unidos enquanto fazia pós-doutorado. O objetivo central das pesquisas realizadas no Habitat Marte é desenvolver novas tecnologias internacionais e criar protocolos que serão usados em futuras bases espaciais em outros planetas.
Os principais desafios da Habitat Marte são operar de forma autossustentável e produzir alimentos em estufas com o auxílio da aquaponia — um sistema que combina a criação de organismo aquáticos e plantas. Esse processo garante o abastecimento e reuso contínuo de água, além de gerar energia sustentável. Também acontecem treinamentos de futuros astronautas de todo o mundo no espaço que simula outro planeta.
A base já desenvolveu mais de 200 protocolos e pesquisas, que vão desde a coleta de amostras de solo e materiais biológicos até atividades como observação astronômica, astrofotografia, caminhadas e testes de vestimentas espaciais. Com a rotina intensa de trabalhos, a estação é vista como uma referência na América Latina.
Equipe em uma missão que simula a realidade em outro planeta
Reprodução
Além do Habitat Marte, o espaço também abriga o Lava Cave, que coleta água da chuva e conta com painéis solares, instalados em uma formação rochosa, e o Habitat Lunar, projetado com uma cúpula futurista onde ocorrem simulações de gravidade zero. A escolha do local foi baseada em critérios geológicos, biológicos e astronômicos semelhantes à condições extremas.
— Era importante que esse projeto fosse desenvolvido longe de Natal para termos certas 'dificuldades'. É muito difícil imaginarmos vida humana além da Terra. O que fazemos aqui é testar, em um ambiente semelhante, como podemos nos estabelecer em outros planetas, principalmente no que diz respeito à água — destaca.
As principais atividades práticas realizadas nas missões são as intraveiculares — dentro da estação, simulando a vida no interior de um habitat espacial — e as extraveiculares, em que os pesquisadores usam roupas de astronauta e exploram o ambiente externo.
Financiamento, parcerias e seleção de pesquisas
O projeto é financiado principalmente por diversos grupos de pesquisadores internacionais, que contactam a equipe local para testar equipamentos e desenvolver protocolos voltados à habitação em outros planetas.
— Isso nos ajuda a não só manter o espaço funcionando, mas também a desenvolver a ciência — diz.
Para que um estudo seja desenvolvido, é necessário passar por um rigoroso processo de seleção. Os pesquisadores precisam entender os interesses das contratantes interessados nos serviços e avaliar a viabilidade das propostas.
— Precisamos de projetos bem estruturados. Nós aprimoramos, mas precisamos que sejam disponibilizados os insumos e tudo que for necessário para viabilizar a pesquisa — conclui.
Habitat Marte, que simula a realidade do planeta vermelho
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