Dez pessoas vão a julgamento por assédio virtual após comentários maliciosos sobre a mulher de Emmanuel Macron
Dez pessoas, entre elas um professor, um publicitário, um informático e uma médium, serão julgadas na segunda e terça-feira no tribunal correcional de Paris por assédio sexista na internet contra Brigitte Macron, esposa do presidente francês.
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O julgamento ocorre após, no final de julho, o casal presidencial ter iniciado ações legais nos Estados Unidos por difamação, em relação a uma notícia falsa que se tornou viral sobre a suposta transexualidade de Brigitte Macron.
Os acusados, com idades entre 41 e 60 anos, são suspeitos de terem feito numerosos comentários maliciosos sobre Brigitte Macron em relação ao seu “gênero” e “sexualidade”, associando a diferença de idade com seu marido Emmanuel Macron — ela é 24 anos mais velha que ele — à “pedofilia”, segundo o Ministério Público de Paris.
A investigação sobre assédio cibernético foi conduzida pela brigada de repressão ao crime contra pessoas (BRDP) após uma denúncia apresentada por Brigitte Macron em 27 de agosto de 2024, o que resultou em várias ondas de prisões, em particular em dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.
Questionado pela AFP, o advogado de Brigitte Macron, Jean Ennochi, não respondeu nem quis informar se a primeira-dama francesa estaria presente ou ausente na audiência.
Entre os acusados está o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, de 41 anos, conhecido e seguido nas redes sociais sob o pseudônimo de “Zoé Sagan”. Sua conta no X, suspensa desde então, foi alvo de várias denúncias e frequentemente se apresenta como vinculada a círculos conspiratórios.
Além de seus comentários sobre Brigitte Macron, “Zoé Sagan” é conhecido por ter divulgado nas redes sociais vídeos de caráter sexual de Benjamin Griveaux, político muito próximo a Macron que, em fevereiro de 2020, renunciou a se candidatar à prefeitura de Paris pelo partido presidencial em decorrência de um escândalo.
'Eco da atualidade'
A “médium”, “jornalista” e “denunciante” de 51 anos Delphine J., conhecida sob o pseudônimo de Amandine Roy, também será julgada. Ela contribuiu significativamente para difundir o boato de que Brigitte Macron, cujo sobrenome de solteira era Trogneux, seria na verdade uma mulher transgênero, cujo nome de nascimento seria Jean-Michel.
Delphine J. apenas “ecoou a atualidade”, segundo sua advogada Maud Marian, que acrescentou que “não foi enviado nenhum recado diretamente à senhora Macron”.
Condenada por difamação em primeira instância em setembro de 2024 pela justiça francesa a pagar vários milhares de euros em danos e 5.000 euros a seu irmão Jean-Michel Trogneux, ela foi absolvida em apelação em 10 de julho. Brigitte Macron e seu irmão recorreram dessa decisão.
A diferença de idade de 24 anos entre Brigitte e Emmanuel Macron explica em parte a propagação desse boato, que se espalhou muito além das fronteiras do país.
Nascida após a eleição de Emmanuel Macron em 2017, a informação falsa e transfóbica se tornou viral especialmente nos Estados Unidos, onde o casal presidencial recentemente entrou com ações legais contra a podcaster de extrema-direita Candace Owens, autora de uma série de vídeos intitulada “Becoming Brigitte” (“Tornando-se Brigitte”).
Várias das pessoas que serão julgadas em Paris por assédio cibernético compartilharam publicações da influenciadora MAGA. Em uma capa modificada da revista Time, na qual Brigitte Macron aparece como “homem do ano”, lê-se a palavra “Excelente”.
Em outra publicação, um acusado divulga a presença de “2.000 pessoas” dispostas a ir “porta a porta em Amiens [cidade do norte da França de onde o casal Macron é originário] para esclarecer o caso de Brigitte”, prometendo a participação de blogueiros americanos.
Os acusados enfrentam pena de até dois anos de prisão.
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