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Bares de SP tentam contornar desconfiança, após crise do metanol, com novo cardápio, influenciadores e mapa colaborativo

14/10/2025 06:31 O Globo - Rio/Política RJ

Com 28 casos confirmados de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas em São Paulo e outras centenas de casos em investigação, além de ao menos cinco mortes, bares e baladas da capital paulista têm adotado diversas medidas para evitar a perda de clientes. As iniciativas vão desde mudança no cardápio até publicidade com influenciadores para divulgar as medidas de segurança dos estabelecimentos na escolha das bebidas, em uma parceria com a indústria.
Em casas noturnas famosas da cidade, os drinques deram lugar ao vinho, à cerveja e aos coquetéis enlatados, já prontos para beber. O Grupo Tokyo, por exemplo, suspendeu a venda de qualquer bebida destilada incolor, tanto em doses quanto em drinques, em todos os seus cinco estabelecimentos, que incluem as baladas Tokyo e Selva, o rooftop do Edifício Martinelli e os bares Alto e Trópico. Cervejas, vinhos, drinques enlatados e não alcoólicos seguem no cardápio.
Fábio Floriano, sócio do Grupo Tokyo, afirma que adotou a precaução após recomendação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de evitar destilados por enquanto. Ele relata que, mesmo antes da decisão, o público dos estabelecimentos já vinha apresentando mudanças no consumo: houve uma queda perceptível na venda de destilados e uma substituição por cerveja e vinho. Mas, sem tantas opções, o nível de consumo acabou sendo menor.
— Decidimos, em uma medida de extremo cuidado, suspender a venda desses produtos enquanto durar essa crise. Parece que agora (as investigações) começaram a chegar aos locais onde estava ocorrendo a adulteração, mas ainda vamos aguardar mais algumas semanas antes de voltar com os destilados, para ter certeza de que não estamos colocando nossos clientes em risco — relata. — Mas, quando você fica restrito a cerveja e vinho, o que aconteceu no primeiro momento, as pessoas bebem menos. Então, incluímos no cardápio uma série de drinques prontos para beber, que já vêm envasados de fábrica.
Outro local que alterou o cardápio devido à crise do metanol é a Casa Fluida, na Consolação. O bar, que recebe apresentações artísticas e tem público majoritariamente LGBTQIA+, viu a venda de drinques cair 85% na semana passada — o que fez o faturamento diminuir cerca de 30%.
— Já foi um público menor, e quem foi bebeu cerveja e vinhos. Drinque, só raramente. Foi aí que decidimos pensar em alguns drinques para complementar, não tiramos os tradicionais do cardápio, mas incluímos quatro novos, à base de espumante, vinho branco, vinho tinto e licor — conta Matheus Nahas, um dos sócios da Casa Fluida.
As novas opções foram divulgadas em um vídeo publicado nas redes sociais do estabelecimento, que, segundo Nahas, ajudou a tranquilizar os clientes. Neste fim de semana, o movimento melhorou, mas longe de chegar aos patamares anteriores à crise.
— A venda de drinques continua baixa, mas não tão baixa como no primeiro fim de semana. Está em torno de 45% menor que o normal. Muita gente que bebeu pediu esses drinques novos. Mas afetou bastante. Por mais que as pessoas estejam bebendo cerveja e vinho, tem impactado o faturamento, porque são os drinques que dão mais margem para os bares — comenta.
O VenTu Bar, em Perdizes, o Mitte, na República, o Barouche, na Vila Madalena, e o Al Janiah, na Bela Vista, foram outros estabelecimentos que suspenderam a venda de destilados ou adicionaram opções de coquetéis já envasados como medidas de segurança.
Movimento bebida segura
Em outra frente, a indústria e o varejo têm se movimentado para criar o Movimento Bebida Segura, uma série de ações que envolvem comunicação nas redes, treinamento de donos de estabelecimentos e parcerias governamentais.
Nesse fim de semana, já começaram a ser publicados conteúdos nas redes sociais de influenciadores mostrando as características que comprovam que uma bebida não foi adulterada — como o selo da Receita Federal ou do Ministério da Agricultura e Pecuária, a presença de lacres e dosadores. Nos vídeos, os criadores de conteúdo mostram também onde se pode consumir essa bebida de maneira segura.
Segundo o GLOBO apurou, a iniciativa é capitaneada pela indústria de bebidas e inclui grandes bares de São Paulo. Em uma dessas publicações, uma influenciadora mostra como as bebidas servidas no Bar Astor, que tem cinco unidades em São Paulo, têm procedência certificada e são preparadas na frente dos clientes.
Nesta toada, surgiu nos últimos dias um site colaborativo no qual clientes podem denunciar bares suspeitos de venderem bebidas contaminadas com metanol. Em um dos casos, os clientes podem reportar um local suspeito e informar os motivos que levam a essa suspeita — de lacres violados até preços muito abaixo do mercado, por exemplo.
Em um mapa, são marcados os locais considerados de risco, com níveis que vão de baixo a crítico, mas com a ponderação se houve ou não verificação dessas denúncias, com base em informações oficiais do governo estadual ou da imprensa. Neste mapa, os três locais confirmados são os bares nos Jardins, na Mooca e em S

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