Ator de 'Êta Mundo melhor!' lembra dilema ao conciliar carreira artística com a de psicólogo, fala da morte do filho em acidente e do preconceito por viver no Retiro dos Artistas
Jaime Leibovitch foi visto recentemente em “Êta mundo melhor!” como o Barão Deschamps, um homem poderoso que quase se tornou vítima de Sandra (Flávia Alessandra). Aos 77 anos, o ator conta que, durante grande parte de sua trajetória, viveu um dilema ao conciliar a carreira artística com a de psicólogo.
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— O trabalho de psicoterapia exige uma certa discrição, enquanto o trabalho de ator exige uma exposição muito maior, principalmente na televisão. Aquilo era muito difícil para mim. Eu me sentia como se estivesse sempre morando do outro lado da rua. Essa divisão, preciso esclarecer, era uma questão minha, muito pessoal, que já vinha de muitos anos — explicou Leibovitch em entrevista ao podcast “Podidoso - Vozes da velhice”.
Ele afirmou que decidiu fechar o consultório definitivamente durante a novela “América”, de 2005, na qual interpretou um pedófilo:
— Com todos os riscos, e eu fui talvez a pessoa mais odiada do Brasil na época, foi um trabalho que me impulsionou profissionalmente.
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Há seis anos, o ator passou por uma grande tragédia pessoal: seu único filho morreu aos 46 anos em um acidente de carro. Algum tempo depois, ele decidiu se mudar para o Retiro dos Artistas:
— De alguma forma, a morte do meu filho influenciou minha ida para o Retiro, porque foi um choque, algo muito novo em minha vida. Acredito que isso me chamou a atenção para um futuro mais solitário. Perdi meu filho, depois um irmão há dois anos, e de repente descobri que a família que me formou não existia mais, e a que eu formei também não. Isso, de certa maneira, me impulsionou a tomar a decisão de procurar o Retiro.
Leibovitch também comentou que tem uma companheira há 47 anos, mas os dois nunca moraram juntos:
— Eu costumo dizer que foi por isso que deu certo. Ela também sentiu muito o fato de eu ir para o Retiro, porque é longe, não deixa de ser uma viagem. E ela é o que me resta de família. Nós nos vemos nos fins de semana. Hoje em dia, divido meu tempo entre a casa dela e o Retiro, muito rigorosamente.
O ator acrescentou que existe um preconceito em relação aos profissionais que decidem morar na instituição:
— Quantas vezes peguei táxis para o Retiro dos Artistas e ouvi a mesma pergunta do motorista: "Como esses artistas dilapidaram toda a fortuna para ir parar no Retiro dos Artistas?". E a expressão é essa: "foi parar". Isso se vê na imprensa: "Fulano, estrela global, foi parar no Retiro dos Artistas".
Assista ao episódio abaixo:
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