Após reunião na Casa Branca, Hungria recebe isenção para continuar a importar gás e petróleo da Rússia
O líder da Hungria, Viktor Orbán, recebeu dos EUA uma isenção para continuar importando petróleo da Rússia, alvo de sanções impostas por Washington, após reunião com o presidente Donald Trump na Casa Branca. Aliado próximo de Trump, Orbán mantém laços com o governo russo, e é frequentemente uma voz contrária a medidas contra Moscou dentro da União Europeia (UE).
Novo contexto: Sanções de Trump mudam o cenário da 'guerra energética' entre Rússia e Ucrânia
Análise: Novas sanções dos EUA miram na economia russa, mas governo Putin se preparou para o golpe
Em publicação na rede social X, Peter Szijjarto, chanceler húngaro, afirmou que os EUA “concederam à Hungria uma isenção total e ilimitada das sanções sobre o petróleo e o gás”, e que a decisão “garante a segurança energética da Hungria”.
A Casa Branca não se pronunciou.
Mais cedo, durante a reunião bilateral, Trump havia sinalizado que poderia conceder o benefício à Hungria, que ao lado da Eslováquia não suspendeu as compras de petróleo da Rússia, como fizeram os demais países da UE após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A Hungria, que também incrementou as compras de gás russo, alega não ter outras fontes viáveis para suprir suas necessidades energéticas, um argumento que parece ter convencido o presidente americano — segundo a agência Bloomberg, o líder húngaro também ofereceu aumentar as compras de gás natural liquefeito e de combustível nuclear dos EUA como forma de amenizar a posição de Washington.
— Estamos analisando a situação porque é muito difícil para ele obter petróleo e gás de outras regiões. É um país grande, mas não tem mar. Não tem portos. Então, eles enfrentam um grande problema — disse Trump. — [Os demais países europeus] não têm esses problemas e compram muito petróleo e gás da Rússia. E, como eles sabem, isso me preocupa muito.
Conversas suspensas: Putin promete continuar 'diálogo' após adiamento de cúpula com Trump e minimiza sanções
No final do mês passado, o Conselho Europeu anunciou uma proposta para encerrar todas as compras de gás russo até 2027, uma proposta que gerou críticas da Eslováquia e da Hungria. Na ocasião, Szijjarto afirmou que se tratava de um “grande escândalo”, de uma “violação clara do tratado da União Europeia” e prometeu judicializar o caso. Também em outubro, os EUA aplicaram sanções contra as duas maiores petrolíferas russas, a Rosneft e a Lukoil, vinculadas à política de pressão da Casa Branca para que o Kremlin concorde com negociações sobre um acordo de cessar-fogo na Ucrânia.
Mas a visita de Orbán não foi apenas para tratar de petróleo e gás. Com eleições gerais em menos de seis meses, e com pesquisas mostrando que não será uma disputa fácil, o húngaro foi à Casa Branca em busca de apoio político, e falou a língua do republicano. Aos jornalistas, corroborou indiretamente as alegações infundadas de que a eleição de 2020, quando Trump perdeu para Joe Biden, foi fraudada.
— Vocês melhoraram a relação bilateral — disse ele. — Repararam o que foi mal feito pela administração anterior, então agora estamos em uma posição bastante favorável para abrir um novo capítulo. Digamos, uma era de ouro entre os Estados Unidos e a Hungria.
Navios 'invisíveis': Finlândia investiga navio da Rússia por suposta sabotagem de cabo submarino
Os dois estavam alinhados também no discurso contra a imigração, pauta central do dois líderes.
— Vejam o que aconteceu com a Europa em relação à imigração. Há pessoas inundando a Europa — disse Trump. — Se você for a alguns países, eles estão irreconhecíveis agora por causa do que fizeram. E a Hungria está bem diferente.
Orbán defendeu suas políticas migratórias restritivas e criticou as punições financeiras aplicadas pela UE associadas a problemas de transparência e questões ligadas ao respeito ao Estado de direito.
— Este é o mundo absurdo em que vivemos agora na Europa — afirmou. — Somos o único governo na Europa que se considera um governo cristão. Todos os outros governos na Europa são basicamente governos liberais de esquerda.
Fonte original: abrir