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Joias, hacker, outro mandante: o que a investigação ainda precisa responder um ano após a execução de Gritzbach

08/11/2025 03:30 O Globo - Rio/Política RJ

Um ano depois da execução do corretor de imóveis Antônio Vinícius Gritzbach no maior aeroporto da América do Sul, os dois mandantes do crime e um olheiro seguem foragidos. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, pelo menos dois deles ficaram escondidos na Vila do Cruzeiro, no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, palco da operação policial mais letal da história no último dia 28 de outubro, com 121 mortos.
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Delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de policiais civis, Gritzbach lavava dinheiro ilícito do tráfico de drogas com transações imobiliárias e criptomoedas, estava ameaçado de morte e já havia sido vítima de outros atentados. Foi assassinado a tiros de fuzil por policiais militares, a mando do crime organizado, quando saía do desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo em 8 de novembro do ano passado. A saraivada de tiros atingiu outras três vítimas, uma delas fatal.
A Polícia Civil de São Paulo tem imagens feitas por drone de Kauê Amaral, o olheiro da execução, no terraço de uma casa na Vila do Cruzeiro, usada como esconderijo pelos criminosos. Segundo a investigação, ele ficou ali durante meses protegido por lideranças do Comando Vermelho (CV).
Foi o caso também de Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Bill ou Cigarreira, mentor intelectual do assassinato, que um dia antes partiu em um avião de Jundiaí, no interior de São Paulo, para a capital fluminense. Nos dois dias seguintes ao crime, a dupla comemorou a morte com uma festança na residência com piscina. A localização dos dois neste momento é desconhecida, assim como a de Diego Amaral, o Didi, co-autor da morte.



Outros mandantes
O Ministério Público de São Paulo acredita que outro criminoso — hierarquicamente acima ou, pelo menos, um par de Cigarreira — pode estar envolvido no mando do crime.
A escolta
A investigação já sabe que um dos veículos usados pelos PMs da escolta de Gritzbach, de fato, quebrou pouco antes do crime, impedindo que os agentes chegassem até o aeroporto. Mas isso não descarta completamente o envolvimento deles no atentado, ou pelo menos a omissão.
As joias
As joias encontradas com Gritzbach no aeroporto foram recebidas como pagamento de uma dívida durante uma viagem a Maceió — anéis com pedraria, pulseiras, colares, brincos e relógios, avaliados em R$ 1 milhão. Foram usadas como isca para atrair o corretor até o Nordeste, e a Polícia Civil ainda investiga se têm ligação com a morte.
O sócio hacker
Pablo Henrique Borges era sócio de Gritzbach. Ambos convenceram criminosos do PCC a investirem valores ilícitos em criptomoedas, para impedir que o dinheiro fosse rastreado. Os dois foram indiciados no homicídio de Cara Preta e Sem Sangue. Um dia antes do atentado, Pablo comprou uma passagem para Dubai no valor de R$ 35 mil e saiu do Brasil.
O telefonema final
No dia do crime, um aparelho celular registrado com conta falsa foi localizado na mala da vítima. Minutos antes de morrer, Gritzbach recebeu neste telefone uma ligação de um DDD 82, cuja localização era a cidade de Marechal Deodoro, em Alagoas. Naquela cidade, vivia David Moreira da Silva, ex-agente penitenciário e ex-segurança de Pablo.
Pagamento em criptomoedas
A Polícia Civil acredita que parte do pagamento aos executores do crime foi feita com criptomoedas, outra parte em dinheiro. Mas a investigação ainda não conseguiu rastrear as criptomoedas para chegar a outros possíveis mandantes.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do MP, é acusado pelo PCC de desviar milhões da organização criminosa
Reprodução/TV Record
Detalhes das investigação
Até agora, além dos mandantes e do olheiro, outros três policiais militares foram denunciados como executores do homicídio — todos os agentes estão presos. Um segundo inquérito, entretanto, foi instaurado para tentar identificar outros possíveis envolvidos. Assim que apresentou a denúncia, em março, o Ministério Público de São Paulo pediu uma complementação da investigação por não acreditar que Cigarreira e Didi tenham determinado a execução sozinhos e avaliar que alguém acima, ou ao menos na mesma posição na hierarquia do grupo, tenha participado da decisão.
— Se outras pessoas envolvidas no homicídio forem identificadas, elas não serão processadas nos autos principais, que já estão em fase muito avançada. Inclusive, os policiais já vão ser submetidos à júri popular, se confirmada a pronúncia em segundo grau — afirma a promotora de Justiça Vânia Caceres Stefanoni, do Júri de Guarulhos.
A investigação tenta avançar em outras frentes essenciais, como o papel das joias que Gritzbach levava na bagagem na data da execução. Na tarde em que foi assassinado, o delator voltava de uma viagem a São Miguel dos Milagres, em Alagoas, com a namorada, e tinha em sua mala anéis com

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