Centenários contam os 'segredos' da cidade do Brasil com maior proporção de habitantes acima dos 100 anos

Entre Rios, na região oeste, tem um centenário a cada 283 habitantes
Entre Rios, no Oeste de Santa Catarina, lidera o ranking nacional de centenários por habitante, segundo o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município tem 0,35% da população com 100 anos ou mais, o equivalente a um centenário para cada 283 moradores.
A região Oeste concentra o maior número absoluto de centenários: são 164 em uma população de 1,3 milhão. Santa Catarina soma 667 pessoas com 100 anos ou mais.
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No estado, Ipuaçu, Cerro Negro, Rio Rufino e Frei Rogério aparecem na sequência. Veja abaixo o número por município.
Centenários em SC
🫘Simplicidade e boa alimentação
Aos 101 anos, seu Ercílio Lemes ainda empunha o machado com firmeza para cortar lenha, uma das ferramentas que o acompanharam por toda a vida. Nascido em Ipuaçu e aposentado, ele se tornou uma figura conhecida na cidade.
Segundo ele, trabalhou desde cedo no campo, derrubando mato e plantando, e conta que aprendeu o valor do esforço ao lado do pai, que adoeceu quando ele ainda era jovem.
O filho, Joel Monteiro Lemes, motorista, conta que a mãe faleceu aos 73 anos e que ter o pai vivo é um privilégio raro.
“São poucos os filhos que têm essa sorte de ver os pais alcançarem essa idade. Minha mãe faleceu aos 73 anos, mas ele sempre pediu a Deus saúde para chegar aos 100”, conta.
Já o outro filho, Joelson, servidor público, aprendeu com o pai a levar a vida com leveza: “Mesmo nos dias ruins, ele diz que está ‘mais ou menos’. Sempre rindo, sempre de bem com todo mundo.”
Ercílio Lemes, de 101 anos e dona Linda, de 107 anos.
Reprodução/NSC TV
A alguns quilômetros dali, dentro da reserva indígena Paiol de Barro, mora dona Linda, de 107 anos. Orgulhosa, ela mostra a identidade que comprova a data de nascimento: 15 de maio de 1918. Apesar da idade, cuida da casa sozinha e mantém o mesmo bom humor de sempre.
Segundo ela, a alimentação simples e natural é o segredo e ainda fala com brilho nos olhos sobre as paneladas de couve, caruru e mandioca que faziam parte da rotina.
"A gente torrava o milho, fazia o pixé, comia com sopa. Quase não existia carne, mas era uma comida boa, forte”, lembra.
Para o prefeito Evandro Passos, a explicação para tanta longevidade pode estar nos hábitos simples e na forte presença indígena da população local.
“Cerca de 30% dos moradores são indígenas. Muitos costumes, especialmente na alimentação e no uso de remédios naturais, vêm dessa herança”, afirma.
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