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Turistas argentinos desembarcam no Rio e mantêm planos em meio ao luto e à tensão após a operação mais letal da história do estado

31/10/2025 04:00 O Globo - Rio/Política RJ

Viagens com amigos, despedidas de solteiro ou simples dias de descanso estavam nos planos dos passageiros do voo AR1268 da Aerolíneas Argentinas, que partiu nesta quarta-feira do Aeroparque, em Buenos Aires, com destino ao Rio de Janeiro. A alegria e o entusiasmo a bordo, no entanto, contrastavam com as manchetes que tomavam os jornais: a “Operação Contenção”, desencadeada na véspera, havia deixado um rastro de 121 mortos — a ação mais letal da história do país, superando o massacre do Carandiru, em 1992.
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O saldo estarrecedor começou a ser divulgado ainda na terça-feira, dia 28, quando forças de segurança do estado se enfrentaram com traficantes do Comando Vermelho encastelados nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte. Inicialmente, a polícia contabilizou 64 mortos, mas, com o amanhecer, moradores que buscavam parentes se embrenharam pela Vacaria — área de mata usada como rota de fuga por criminosos — e encontraram novos corpos. A contagem subiu para 121 vítimas, incluindo quatro policiais.
Em entrevista coletiva, o governador Cláudio Castro classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que “de vítimas lá só tivemos os policiais”, minimizando as mortes dos suspeitos. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, a ação representou “o maior baque que o Comando Vermelho já tomou em sua história, desde a fundação na década de 1970”.
Corpos de pessoas mortas durante operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, em outubro de 2025
Fabiano Rocha
Enquanto o Rio ainda tenta assimilar o impacto da tragédia, turistas como o argentino Juan Manuel Giles desembarcam na cidade tentando conciliar o entusiasmo das férias com o medo diante das imagens de dezenas de corpos sobre o asfalto da Praça São Lucas, no Complexo da Penha.
Giles faz parte de um grupo de oito amigos que viajou ao Rio para celebrar os 40 anos. Todos usavam camisetas pretas com a inscrição “40 anos” em letras brancas.
— Nos reunimos todos os amigos que fazem aniversário nesta época e decidimos ir ao Rio para comemorar — contou ao jornal argentino La Nacion.
A viagem foi planejada por seis meses, mas as cenas de violência vistas na televisão fizeram o grupo reconsiderar parte dos planos.
— Cancelamos um passeio de moto pelas favelas, esse vamos deixar pra lá. O resto da viagem é bem tranquilo. Não é despedida de solteiro. Praia e outras coisas — disse Giles.
Segundo ele, familiares chegaram a sugerir o cancelamento.
— Sim, minha mãe disse que eu não deveria vir. Eu falei que já tínhamos tudo organizado e que não iríamos cancelar. Um dos oito que viajamos mora na Espanha e já tinha chegado ao Rio na segunda-feira. Ele nos avisou que hoje [ontem] já estava tudo bem em Copacabana, Ipanema e na Zona Sul. Que ali estava tudo bem tranquilo, e é onde vamos ficar.
À noite, nas calçadas de Copacabana, o clima era de tentativa de normalidade. Turistas e moradores se misturavam, mas, como se houvesse um “toque de recolher” silencioso, o movimento diminuiu por volta das 23h. Apenas alguns bares permaneceram abertos até o fim do jogo em que o Racing foi eliminado da Libertadores pelo Fluminense.
Os efeitos da “Operação Contenção” ainda se espalhavam pela cidade. Uma mistura de medo, silêncio e prudência em meio à rotina de uma metrópole que vive do turismo.
Megaoperação foi aprovada em 50,1% dos posts nas redes
A operação foi descrita positivamente em 50,1% dos posts feitos sobre o assunto nos estados do RJ, SP, MG, DF e BA.
Os dados são de um levantamento feito para o GLOBO pela consultoria Ativaweb a partir das plataformas da Meta (Facebook e Instagram), do TikTok e do YouTube. Outros 39,2% dos posts tiveram viés negativo, com críticas à condução da operação e à escalada da violência no estado, e 10,7% foram neutros.
No recorte de postagens feitas somente no Rio de Janeiro, no entanto, o percentual de apoio à ação policial subiu, chegando a 59,6%, enquanto a desaprovação decaiu para 27%. Os 13,4% restantes foram neutros.
O levantamento também mostrou que, até as 9h da manhã desta quarta-feira, o tema havia provocado 5,3 milhões de menções online, o maior volume digital do ano contabilizado em temas de segurança pública. A pesquisa também indica que, em três dias, as menções saltaram mais de 500%, saindo de 873 mil na manhã de terça-feira para 5,3 milhões nesta quinta-feira.
Já dados de uma pesquisa produzida pela consultoria Bites também mostraram que o caso provocou uma nova disputa de narrativas online, vencida pela direita. Ao todo, das 100 mensagens com mais interações no Twitter, Facebook e Instagram, 40 foram da direita, 32 da esquerda ou críticos da direita e 28 neutras. Juntas, elas geraram 50,1 milhões de interações.
Os políticos mais citados nos posts sobre a operação foram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o

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