 
        Infância ON/OFF #1 | Alimentação: saiba como fazer seu filho comer sem telas
Este texto faz parte da newsletter Infância ON/OFF, sobre tecnologia e crianças de até 6 anos. Para receber a série no seu e-mail, clique aqui.
Maravilhado pela Galinha Pintadinha, Bernardo, de 1 ano, finalmente abriu a boca para comer. 
— Cedi à pressão da minha mãe e da minha irmã e acabei colocando um vídeo para ele ver enquanto comia. Deu certo — lembra a mãe, Flávia Dornelles, de 33 anos.
Mas a solução virou pesadelo: dias depois, o bebê só abria a boca com uma tela na frente.
— Comecei a ficar desesperada — recorda Flávia.
A predominância da tecnologia na rotina das famílias tem sido observada com lupa por pesquisadores no mundo inteiro. Afinal, é difícil saber o que só facilita o dia a dia e o que acaba trazendo consequências indesejadas.
Infância On/Off nasce para isso: em cinco capítulos, esta série vai trazer o que a ciência já sabe sobre hábitos digitais de crianças até 6 anos, aponta soluções para evitar a tecnologia quando ela não for adequada e orienta seu uso responsável.
Neste primeiro capítulo, vamos falar da interação entre telas e alimentação.
O que diz a ciência 🔬🧫
Smartphone durante amamentação pode distrair mãe do olhar do bebê
Freepik
De 0 a 2 anos — Amamentação
🍼  É o peito da mãe — ou a mamadeira, se necessário — que alimenta a criança ao nascer. Ali se formam as primeiras conexões entre as duas.
📱 O momento é lindo, mas se repete a cada par de horas. Em algum momento, até para se manterem acordadas, é natural as mães buscarem a companhia de um celular. 
👀 Os primeiros estudos a analisarem essa tendência apontam que o olhar das mães em direção aos seus bebês diminui durante a amamentação com o uso de smartphone e que isso também interfere na capacidade de responder visualmente ao pedido de atenção do bebê.
💥 Além disso, pediatras alertam que a luz azul pode atrapalhar o bebê a dormir.
🤱 Nos primeiros meses, foque só nesta tarefa. Amamentar é uma habilidade e, nesse começo, especialistas pedem atenção total.
📖 Depois, não tem problema buscar uma atividade paralela. Opte por algo que absorva menos atenção, como livros (mesmo em leitores digitais), e que não emita luz azul.
De 1 a 6 anos — Introdução alimentar
 🍴 A criança começa a criar hábitos alimentares a partir dos 6 meses. 
🤐Por volta de 1 ano, é comum que, mesmo as que experimentavam de tudo, parem de aceitar o que a família oferece e diminuam a quantidade de comida ingerida. Nessa hora vem a tentação de colocar os filhos na frente da tela para “distraí-los” enquanto comem — lembram o caso do Bernardo? 
📺 Quando as telas se tornam uma parte regular desse momento, elas reduzem as interações e dificultam que as crianças percebam os próprios sinais de fome e saciedade. Isso pode levar a obesidade e maus hábitos alimentares.
🍟 Foram apontadas evidências de que o ato de comer vendo televisão predispõe a uma baixa qualidade na dieta, pois há um aumento significativo da ingestão de alimentos processados.
🍽️  Segundo a pesquisadora Sehyun Ju, que estuda apetite infantil na University of Illinois-Urbana Champaign (EUA), as refeições são oportunidades para conversar e criar rotinas. Sehyun Ju recomenda criar um ambiente em que comer seja uma experiência positiva, tranquila e conectada — não ao celular, mas com a família.
Quer saber como fazer isso? Continue a leitura que vamos detalhar!
O que você faria? 🤔
Coloque-se no lugar da Flávia, mãe do Bernardo, do início do texto. Qual seria sua atitude se seu filho só aceitasse comer vendo desenho?
a) Deixaria. Afinal, está comendo.
b) Negociaria com ele para ir tirando a tela aos poucos.
c) Tiraria de uma vez só.
O que o especialista faria? 🧐
😏 Bárbara Padovani foi a nutricionista infantil que ajudou Bernardo, agora com 2 anos, a comer sem telas — a tarefa que ela mais tem encarado com os pacientes.
📵 O processo passa por fazer com que a criança conheça a comida, crie intimidade e afeição. 
🥗 Se for possível, diz ela, traga a criança para participar do preparo. Na mesa, faça com que ela ajude a montar o prato. Use brinquedos onde ela possa colocar a comida. Isso também é importante para os bebês que não estão apegados à tela.
⏲ Transforme esse momento em entretenimento. E espere o tempo da criança, mesmo que demore. 
📝Já a recomendação da especialista Sehyun Ju é estabelecer uma rotina da refeição: como os membros da família interagem e o clima desse momento. 
— Em minhas observações, descobri que mesmo bebês demonstram consciência dessas rotinas e respondem ao tom emocional estabelecido pelos cuidadores — diz.
💬 Você pode começar a nova vida com pequenas mudanças consistentes, como designar algumas refeições por semana “sem dispositivos” ou introduzir rituais compartilhados, como conversar sobre o dia ou servir a comida juntos. Até tirar as telas por completo.
Então, se você respondeu B ou C, tudo certo! São estratégias diferentes com o mesmo objetivo: tirar a tela.
Ajuda digital 👩💻
Seu filho rejeita comida? Calma! Isso pode ser comum em crianças de 3 a 5 anos, especialmente nas do espectro a
Fonte original: abrir
 
                 
                 
                 
                 
                 
                 
                