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Trump incentiva Zelensky a chegar a 'acordo' com Rússia para encerrar guerra

18/10/2025 03:24 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente dos EUA, Donald Trump, incentivou o ucraniano, Volodymyr Zelensky, a chegar a um acordo com a Rússia, amenizando assim os planos de Kiev de obter mísseis Tomahawk e optando por uma solução diplomática para o conflito.
Contexto: Trump se reúne com Zelensky na Casa Branca após ligação 'produtiva' com Putin
Trump disse, no mês passado, que acreditava que a Ucrânia poderia recuperar todo o seu território, mas um dia após concordar em se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, para outra cúpula, o presidente dos EUA mudou de ideia.
Após se encontrar com Zelensky na Casa Branca na sexta-feira, Trump declarou nas redes sociais que as conversas foram "muito interessantes e cordiais". Ele esclareceu: "Disse a ele, como também sugeri veementemente ao presidente Putin, que é hora de parar com a matança e chegar a um acordo".
Trump também pareceu sugerir que ambos os lados deveriam aceitar suas atuais linhas de frente. "Eles devem parar onde estão. Que ambos declarem vitória, que a história decida!", afirmou.
Zelensky declarou, após a reunião, que a Rússia tinha "medo" dos mísseis de cruzeiro Tomahawk de fabricação americana, mas era "realista" quanto à possibilidade de receber as armas de Washington.
O líder ucraniano explicou aos repórteres que, embora ele e Trump tenham discutido armas de longo alcance, "foi decidido que não falaríamos sobre isso porque... os Estados Unidos não querem uma escalada".
"Acabem com a guerra"
Zelensky chegou a Washington após semanas exigindo os Tomahawks, na esperança de tirar vantagem da crescente frustração de Trump com Putin.
No entanto, o ucraniano saiu de mãos vazias, enquanto Trump busca um novo avanço diplomático após o acordo de paz em Gaza na semana passada.
"É bom que o presidente Trump não tenha dito 'não', mas hoje ele também não disse 'sim'" ao fornecimento dos Tomahawks para Kiev, apontou Zelensky à NBC na sexta-feira.
O americano tem se mostrado muito mais otimista quanto às perspectivas de um acordo desde sua ligação de duas horas e meia com Putin na quinta-feira, na qual concordaram em se encontrar em Budapeste.
"Espero que possamos acabar com a guerra sem pensar nos Tomahawks", indicou Trump a repórteres, incluindo um da AFP, ao receber Zelensky na Casa Branca. Trump acrescentou que acredita que Putin "quer acabar com a guerra".
Por outro lado, Zelensky, que usou um terno escuro em seu terceiro encontro com Trump em Washington, discordou, avaliando que Putin "não está pronto" para a paz.
Para impulsionar o fornecimento de armas de longo alcance, Zelensky disse que estaria disposto a trocar "milhares" de drones ucranianos.
O ucraniano parabenizou Trump por seu recente acordo de paz em Gaza e expressou esperança de que ele faça o mesmo com a Ucrânia. "Espero que o presidente Trump consiga isso", ressaltou.
"Muitas perguntas"
As negociações diplomáticas para pôr fim à invasão russa estão paralisadas desde a cúpula Trump-Putin no Alasca.
O Kremlin indicou, na sexta-feira, que "muitas perguntas" precisam ser resolvidas antes que Putin e Trump possam se encontrar, incluindo quem estaria em cada equipe de negociação. Mas rejeitou as sugestões de que Putin teria dificuldades em sobrevoar o espaço aéreo europeu.
A Hungria afirmou que garantiria que Putin pudesse entrar e "manter conversas bem-sucedidas" com os Estados Unidos, apesar do mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele por supostos crimes de guerra.
Frustração de Trump
A posição de Trump sobre a guerra na Ucrânia mudou drasticamente nos últimos meses.
No início de seu mandato, Trump e Putin se aproximaram quando o presidente americano chamou Zelensky de "ditador sem eleições".
As tensões chegaram ao auge em fevereiro, quando Trump acusou o ucraniano de "não ter as cartas na mão" em uma acalorada reunião televisionada no Salão Oval.
As relações entre os dois países se intensificaram desde então, com Trump expressando crescente frustração com o líder russo. Contudo, Trump manteve um canal aberto de diálogo e afirma que eles "se dão bem".
O líder americano mudou repetidamente sua posição sobre sanções e outras medidas contra Moscou após conversas com o presidente russo.
Putin ordenou uma invasão em larga escala da Ucrânia, descrevendo-a como uma "operação militar especial" para desmilitarizar o país e impedir a expansão da OTAN.
Kiev e seus aliados europeus afirmam que a guerra é uma apropriação ilegal de terras que resultou em dezenas de milhares de vítimas civis e militares e destruição generalizada.
A Rússia agora ocupa cerca de um quinto do território ucraniano, grande parte dele devastado pelos combates.

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