
Chefe de ajuda humanitária da ONU prevê 'trabalho enorme' em visita a Gaza devastada
Em um pequeno comboio de jipes brancos da ONU, o coordenador de ajuda humanitária da organização, Tom Fletcher, e sua equipe seguiram por entre os escombros de casas destruídas por dois anos de conflito para inspecionar uma estação de tratamento de esgoto em Sheikh Radwan, ao norte de Cidade de Gaza. Enquanto isso, Israel devolveu os restos mortais de 15 palestinos ao enclave neste sábado, o que leva o número total a 135, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
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— Eu passei por aqui há sete ou oito meses, quando a maior parte desses prédios ainda estava de pé, e ver a destruição é absolutamente devastador. Esta é uma parte enorme da cidade, agora um deserto — disse ele à AFP.
As cidades densamente habitadas da Faixa de Gaza, lar de mais de dois milhões de palestinos, foram reduzidas a ruínas por dois anos de bombardeios e intensos combates entre Hamas e o Exército israelense. Mais de uma semana após o acordo de cessar-fogo mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o principal ponto de entrada para o Egito ainda não foi reaberto, mas centenas de caminhões entram diariamente por postos de controle israelenses e a ajuda humanitária está sendo distribuída.
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O Hamas devolveu os últimos 20 reféns que mantinha em cativeiro e começou a entregar os restos mortais de outros 28 vitimados pelo conflito. Na sexta-feira à noite, o grupo palestino entregou um corpo identificado por Israel como sendo de Eliyahu Margalit, de 75 anos, que morreu no ataque de outubro de 2023 que deu início à guerra em Gaza.
Cavando latrinas
Ao examinar o equipamento de bombeamento danificado e um lago sombrio de esgoto na estação de tratamento de águas residuais de Sheikh Radwan, Fletcher disse que a tarefa que a ONU e as agências de ajuda humanitária têm pela frente é “enorme, gigantesca”. O diplomata britânico disse que encontrou moradores que voltaram para suas casas destruídas tentando cavar latrinas nas ruínas.
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— Eles me dizem que, acima de tudo, querem dignidade — pontuou a autoridade — Precisamos restaurar a energia para que possamos começar a colocar o sistema de saneamento de volta em funcionamento. Temos agora um plano massivo de 60 dias para aumentar o fornecimento de alimentos, distribuir um milhão de refeições por dia, começar a reconstruir o setor de saúde, trazer tendas para o inverno e levar centenas de milhares de crianças de volta à escola.
De acordo com números fornecidos aos mediadores pela agência de assuntos civis do exército israelense e divulgados pelo escritório humanitário da ONU, na quinta-feira, cerca de 950 caminhões carregando ajuda humanitária e suprimentos comerciais cruzaram de Israel para Gaza.
As agências de ajuda humanitária pediram que a passagem fronteiriça de Rafah, no Egito, fosse reaberta para acelerar o fluxo de alimentos, combustível e medicamentos, e a Turquia tem uma equipe de especialistas em resgate esperando na fronteira para ajudar a encontrar corpos nos escombros.
Restos mortais dos reféns
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou o cessar-fogo, mas está sob pressão interna para restringir o acesso a Gaza até que os corpos restantes dos reféns capturados durante os ataques brutais do Hamas sejam devolvidos. Neste sábado, seu gabinete confirmou que o último corpo, devolvido pelo Hamas através da Cruz Vermelha na sexta-feira à noite, foi identificado como Margalit, um agricultor idoso que era conhecido por seus amigos no kibutz Nir Oz como “Churchill”.
— Ele era um cowboy de coração e, por muitos anos, administrou a divisão de gado e os estábulos de cavalos de Nir Oz — disse o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, um grupo de apoio fundado por parentes dos reféns. — Ele estava ligado ao grupo 'Riders of the South', cujos membros compartilhavam o amor pela equitação há mais de 50 anos. Em 7 de outubro, saiu para alimentar seus amados cavalos e foi sequestrado no estábulo.
Margalit era casado, tinha três filhos e três netos. Sua filha Nili Margalit, também feita refém, foi libertada durante a primeira breve trégua da guerra, em novembro de 2023.
Em um comunicado confirmando que ele havia sido identificado e seus restos mortais devolvidos à sua família, o gabinete de Netanyahu disse que “não faremos concessões… não pouparemos esforços até que todos os sequestrados mortos sejam devolvidos, até o último deles”.
O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, afirmou na sexta-feira que o grupo “continua a manter seu compromisso com o acordo de cessar-fogo… e continuará trabalhando para concluir o processo de troca de prisioneiros”.
Sob o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, negociado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e medi
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