Síndrome da Chapeuzinho Vermelho: como identificar sinais de comportamento abusivo em relacionamentos
Muitas mulheres enfrentam dificuldades em identificar comportamentos abusivos que se apresentam de forma sutil, muitas vezes disfarçados de charme, cuidado ou atenção. Esse fenômeno, chamado de "Síndrome da Chapeuzinho Vermelho", refere-se à tendência de minimizar ou não perceber sinais de alerta em relacionamentos, uma dinâmica que pode ter raízes em padrões culturais e educacionais.
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A advogada e mentora de mulheres Mayra Cardozo analisa o tema, relacionando-o a mitos clássicos como o de Barba Azul e à obra "Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estés, para refletir sobre como mulheres podem ser condicionadas a interpretar comportamentos problemáticos de maneira equivocada e como é possível desenvolver percepção e autoproteção.
Origem do fenômeno
O termo "Síndrome da Chapeuzinho Vermelho" ajuda a ilustrar a dificuldade de perceber sinais de alerta. Assim como na história infantil, há uma tendência de confiar em figuras de autoridade ou parceiros, mesmo diante de sinais de perigo. A educação tradicional e a cultura de agradar contribuem para que mulheres internalizem comportamentos de pacificação, obediência e aceitação, priorizando a harmonia em detrimento da própria segurança.
A metáfora de Barba Azul
O mito de Barba Azul exemplifica como predadores podem se apresentar de forma charmosa e sedutora antes de revelar sua verdadeira natureza. Diferente do Lobo Mau explícito, o predador "Barba Azul" age de maneira sutil, usando gentileza ou atenção como fachada, dificultando reconhecer os riscos antes que seja tarde.
Segundo Mayra, esse arquétipo dialoga com a Síndrome da Chapeuzinho Vermelho: mulheres são condicionadas a ignorar o instinto de proteção e a racionalizar comportamentos abusivos como falhas de caráter do outro ou desafios que podem ser resolvidos com paciência e dedicação.
O aprendizado da percepção
Identificar sinais de alerta requer desconstruir narrativas sociais que incentivam a passividade. Reconhecer comportamentos problemáticos envolve ouvir a própria intuição, questionar padrões de aceitação e estabelecer limites claros.
Barba Azul, ao proibir a entrada em um quarto secreto, simboliza o teste da percepção e da capacidade de autoproteção. Do mesmo modo, o aprendizado na vida real está em desenvolver atenção aos sinais sutis de abuso, sem normalizar ou justificar comportamentos prejudiciais.
Autoproteção e empoderamento
A análise de Mayra destaca que a educação e socialização femininas influenciam a interpretação de riscos. O fortalecimento da percepção individual, o respeito aos próprios limites e a capacidade de agir antes que uma situação se torne prejudicial são formas de autoproteção.
O mito de Barba Azul serve como alerta: não basta reconhecer o predador; é preciso ter ferramentas para se afastar e manter a segurança. Para a Síndrome da Chapeuzinho Vermelho, a abordagem não é sobre medo, mas sobre reconexão com o próprio instinto, permitindo escolhas conscientes e autônomas.
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