Secom, da datilografia à IA
Jornalista e ex-secretário de Comunicação do Estado de Alagoas.
- Foto: Assessoria
A Secretaria de Comunicação do Estado de Alagoas nasceu em maio de 1985, numa quadra marcante da luta pela redemocratização do Brasil. Tancredo Neves havia liderado ampla frente de forças para enfrentar o que ainda restava da ditadura militar em seu próprio biombo, o Colégio Eleitoral. Tancredo venceu e, infelizmente, não assumiu, mas a reabertura política floresceu e, com ela, veio a nova Constituição, que consagrou o Estado Democrático de Direito. Resgatou-se a cidadania e tudo o que simboliza a manifestação livre do pensamento, da criação e da informação.Do fundador, o jornalista José Osmando, até o atual secretário Wendel Palhares, quatro décadas já se passaram, o que torna a SECOM de Alagoas a mais longeva entre as demais secretarias de comunicação dos estados da nossa Federação. É verdade que, nesse caminho, houve quem tentasse extingui-la, mas esbarrou, à época, na reação do Parlamento alagoano. E assim, a história pode ser contada sem desfiguração do corpo, da datilografia e do telex à era da inteligência artificial.No curso desse tempo, dezoito profissionais da comunicação se sucederam à frente da SECOM, muitos dos quais com passagens marcantes nas redações de jornais alagoanos. Da caça à informação ao outro lado do balcão, no centro do poder, com o desafio de disseminar conteúdo de interesse público. No governo Ronaldo Lessa, toquei a pasta por oito anos. Assumi em janeiro de 1999, ainda no século e no milênio passados, com a redação funcionando na base da máquina datilográfica.Cada um a seu tempo e com suas peculiaridades. Tenho muito orgulho de ter conseguido viabilizar conquistas cruciais, ainda nos primeiros passos: o início da informatização da SECOM, a equiparação salarial dos jornalistas ao piso profissional praticado no mercado e a reforma do prédio, ao lado do Palácio Marechal Floriano Peixoto – que agora é museu. Sem tais providências, não seria possível falar em dignificação profissional nem exigir nova dinâmica no fluxo de informação para a sociedade.Ainda no campo da governança e das boas práticas, Alagoas destacou-se por ter implantado o primeiro Conselho Estadual de Comunicação, em cujo ato o saudoso jornalista Audálio Dantas fez questão de estar presente e discursar. O destino gerou um fato curioso: duas décadas depois, retorno à SECOM a convite do governador Paulo Dantas, sensível à necessidade de dinamizar o fluxo da informação oficial, de retomar a correção do piso salarial dos jornalistas, de reativar o Conselho de Comunicação e de modernizar as instalações da pasta.Já sob a batuta do secretário Wendel Palhares, os projetos seguiram ganhando corpo, com novas conquistas, como o “Filmaê”. Destaco ainda o pioneirismo do Núcleo de Integridade da Informação, que virou política pública de combate à desinformação. Cito também o portal oficial – sempre atualizado – como principal “hub” de notícias e serviços ao cidadão. Na era da inovação tecnológica, a SECOM já dispõe de uma inédita plataforma de inteligência artificial, desenvolvida para agilizar a tramitação dos processos inerentes à publicidade governamental.E agora, em homenagem aos servidores, o governo de Alagoas entrega uma nova sede à SECOM, que, desde a inauguração do Palácio República dos Palmares, funcionava de improviso num espaço concebido para ser auditório. A nova SECOM está cada vez mais apta para responder aos desafios da era digital, destes tempos cáusticos de fake news, nos quais é preciso reafirmar a liberdade de expressão, mantendo o rigor na apuração e a responsabilidade. No ambiente público, a comunicação é, sem dúvida, fator de desenvolvimento.*Jornalista e ex-secretário de Comunicação do Estado de Alagoas
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