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A arquibancada invisível

25/10/2025 07:17 GazetaWeb - Política

Foto: Luis ROBAYO / AFP









“Barata-voa.” Foi assim que Juca Kfouri definiu o pandemônio das redes, após dois erros de arbitragem, um a favor e outro contra o Palmeiras. Bastou isso para a fauna digital entrar em campo: jornalistas, influenciadores e torcedores travestidos de justiceiros, cada um armado de seu próprio VAR moral.Hoje, o futebol não é mais jogado apenas nos estádios, mas em arenas muito piores: os comentários das redes sociais. Rogério Ceni e Renato Gaúcho já sentiram o peso disso. O primeiro desabafou que “alguns jogadores são execrados antes mesmo da escalação”. O segundo decretou que “o futebol acabou por causa das redes sociais”.Não acabou, mas adoeceu.O ódio está em todo lugar, disfarçado de opinião. A cada rodada, o torcedor que pensa é soterrado por uma multidão que não quer refletir, quer destruir. Há uma ânsia por cancelamento, um prazer mórbido em transformar erros em tragédias morais.Clubes como Corinthians e Palmeiras já tentaram reagir, lançando campanhas contra o ódio e a intolerância digital. Mas a pergunta que fica é simples: como transformar um ambiente que lucra com o barulho em espaço de diálogo e respeito?Enquanto o futebol continuar refém de algoritmos que premiam a histeria, a bola seguirá rolando em campos minados.E talvez o maior cartão vermelho do nosso tempo não seja o erro do árbitro, mas a incapacidade de o torcedor — e de todos nós — enxergarmos o jogo com empatia, lucidez e responsabilidade.Porque o futebol, antes de tudo, é um espelho. E o que ele tem refletido nas redes diz muito mais sobre a sociedade do que sobre o placar.

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