Região Sul tem média de nove tornados por ano; veja outros que causaram destruição
O tornado que atingiu principalmente o município de Rio Bonito do Iguaçu (PR), apesar da intensidade acima do normal no país, não é um evento isolado. Estudo divulgado por pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) mostrou que a Região Sul registrou 411 tornados em um intervalo de quatro décadas, entre 1975 e 2018. A média é de nove tornados por ano.
Só o Paraná registrou, segundo o estudo, 89 tornados nesse período. O fenômeno que atingiu o interior do estado nesta semana, porém, foi o mais letal em três décadas, segundo registros disponíveis.
O tornado de Rio Bonito do Iguaçu recebeu classificação F3, que é associada a ventos acima de 250 km/h. De acordo com a pesquisa da UEPG, a maior parte dos tornados registrados no Brasil tem escala F1, com ventos de até 180 km/h. A escala vai de 0 a 6.
Segundo o governo estadual, o tornado deixou cinco mortos em Rio Bonito do Iguaçu, e mais um óbito em Guarapuava, totalizando seis mortes. Houve ainda registros de atendimento médico a cerca 750 pessoas, e mais de mil ficaram desalojadas ou desabrigadas.
Estudo do pesquisador Daniel Henrique Cândido, em sua tese de doutorado na Unicamp, mapeou ocorrências de tornados no país desde o fim do século XIX. O evento mais recente no Paraná, registrado pelo estudo, que havia se aproximado da proporção do tornado desta semana ocorreu em 1992, no município de Almirante Tamandaré. Naquela ocasião, houve seis mortos e 33 feridos.
Outro episódio, este mais recente, ocorreu em Nova Laranjeiras, também no Paraná, a cerca de 35 quilômetros de Rio Bonito do Iguaçu. Na ocasião, em 1997, um tornado que deixou quatro mortos e 72 feridos chegou a ter indícios de intensidade F4, na escala que vai de 0 a 6.
Fatores observados no local, como muros e casas derrubados pelo vento, ajudam a mensurar a intensidade do fenômeno. Segundo a pesquisa apresentada à Unicamp, uma das vítimas do tornado de Nova Laranjeiras foi atirada contra um muro a 50 metros de distância, devido à força do vento. Além disso, reportagens da época afirmaram que 80% das casas de Nova Laranjeiras foram derrubadas pelo vento.
Veja outros tornados, na região Sul e no restante do Brasil, que causaram destruição:
Palmas (PR) - 1959: 35 mortos
Considerado um dos tornados mais letais da história do país, ele atingiu principalmente uma fazenda, denominada Fortaleza, na área rural do município.
Maravilha (SC) - 1984: 10 mortos
Segundo a prefeitura, a ventania arrancou postes, destelhou casas e destruiu a maior parte da cidade. O número de desabrigados se aproximou de mil, e mais de 400 ficaram feridos. O número de mortos consta na tese de doutorado de Daniel Henrique Cândido, da Unicamp.
Ivinhema (MS) - 1989: 16 mortos
O tornado atingiu principalmente um clube da cidade, que estava lotado, com mais de 400 pessoas. A ventania derrubou a estrutura do local. Segundo relatos, houve ainda 160 feridos.
Itu (SP) - 1991: 15 mortos
O tornado deixou ainda 176 feridos no município do interior paulista. Registros da época indicaram ventos de até 300 km/h.
Borrazópolis (PR) - 1992: 12 mortos
A ventania, segundo relatos da época, ultrapassou 100 km/h e deixou a cidade destruída.
Antônio Prado (RS) - 2003: 5 mortos
A ventania resultou no desabamento do telhado de uma escola, onde estavam as vítimas.
Palmital (SP) - 2004: 4 mortos
Na ocasião, a ventania arrastou um ônibus que levava trabalhadores rurais, matando duas pessoas e ferindo outras duas no coletivo. O tornado também deixou, ao todo, 25 feridos.
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