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Policial penal é alvo de operação da Draco, suspeito de criar dossiê que ligava governo do Rio a grampos ilegais

23/10/2025 12:40 O Globo - Rio/Política RJ

O policial penal Moysés Henriques Marques, apontado como autor de um dossiê falso que envolvia autoridades do estado do Rio, se tornou alvo de uma operação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), deflagrada nesta quinta-feira. Segundo Investigações, o documento atribuía ao Governo do Estado a prática de grampos ilegais contra deputados da Assembleia Legislativa (Alerj), desembargadores e outras autoridades, numa tentativa de criar uma falsa narrativa de espionagem dentro do Executivo.
O documento criado pelo policial tentava criar uma narrativa de “arapongagem” supostamente conduzida pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). A pasta afirma, no entanto, que se trata de uma tentativa de gerar conflito entre o governador Cláudio Castro e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar.
O mandado foi cumprido na casa do policial, no bairro do Rio Comprido, no Centro do Rio. Conforme a Draco, ele é investigado por injúria, difamação e obstrução de Justiça, além de possíveis vínculos com um grupo interessado na exploração irregular de cantinas em presídios — atividade encerrada pela atual gestão da Seap em 2024.
Moysés Marques já havia ocupado o cargo de subsecretário adjunto da Seap em 2020 e foi um dos alvos da Operação Hiperfagia, conduzida pelo Gaecc do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que revelou um esquema de fraudes em licitações e superfaturamento de contratos de alimentação no sistema prisional, estimado em R$ 350 milhões. Na ocasião, o policial penal Márcio Luís dos Anjos da Rocha também foi alvo de mandado e recebeu multa de R$ 102 milhões aplicada pelo MP.
Márcio Rocha já havia sido investigado anteriormente pelo Gaeco, por suspeita de envolvimento em lavagem de dinheiro, com movimentações que teriam alcançado R$ 100 milhões. A recorrência de seu nome em novas apurações reforça, segundo investigadores, a importância do rigor e da transparência nos processos que envolvem o sistema penitenciário.
Atualmente, Moysés Marques responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a duas sindicâncias internas, sendo a mais recente por tentativa de coação a servidores com o intuito de obter documentos e registros internos para embasar denúncias infundadas contra a atual gestão.
Em nota, a Seap afirmou que acompanha com responsabilidade e transparência a operação da Draco e repudia veementemente qualquer tentativa de desestabilização institucional ou manipulação de informações com fins particulares.

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