Ventilação enteral: conceito de ‘respirar pelo ânus’ se aproxima de tratamento real; entenda
Cientistas japoneses realizaram o primeiro ensaio clínico em humanos para avaliar os benefícios potenciais da “ventilação enteral”, ou seja, o resgate de vias aéreas e pulmões bloqueados por meio do fornecimento de oxigênio por via retal. A técnica parece tão estranha que ganhou um prêmio IgNobel em 2024.
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"Estes são os primeiros dados em humanos, e os resultados se limitam apenas a demonstrar a segurança do procedimento, e não sua eficácia. Mas agora que estabelecemos a tolerância, o próximo passo será avaliar a eficácia do processo no fornecimento de oxigênio à corrente sanguínea", afirma Takanori Takebe, especialista líder em medicina organoide com dupla atuação no Hospital Infantil de Cincinnati e na Universidade de Osaka, no Japão, e autor do estudo.
O que é ventilação enteral?
Semelhante ao enema, que nada mais é do que uma lavagem intestinal por meio do ânus. O procedimento é muito utilizado na medicina para diversas causas, como, por exemplo, para pacientes com fezes empedradas, com dificuldade de evacuar, constipação crônica grave e incontinência anal (quando os indivíduos não conseguem controlar a saída de fezes).
O novo conceito prevê o uso de um líquido superoxigenado para fornecer oxigênio vital à corrente sanguínea, absorvendo-o pelo cólon. Se for bem-sucedido nos testes em andamento com humanos, o processo de tecnologia relativamente baixa pode permitir que hospitais resgatem pessoas quando as vias aéreas estiverem bloqueadas por ferimentos ou inflamação, ou quando a função pulmonar estiver severamente limitada por infecções e outras complicações.
A inspiração para o procedimento vem, em parte, da observação das habilidades da botia, um peixe que se alimenta no fundo e consegue engolir ar da superfície e absorver oxigênio pelo intestino, suplementando assim suas guelras para sobreviver em condições de baixo oxigênio.
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O projeto também se baseia no trabalho do ex-pesquisador do Cincinnati Children's, Leland Clark, PhD (n. 1918, m. 2005), que anos atrás inventou um líquido de perfluorocarbono, agora chamado Oxycyte.
Resultados e próximos passos
O novo estudo recapitula as descobertas de um antigo estudo em que 27 homens saudáveis no Japão foram solicitados a segurar quantidades variadas do líquido de perfluorocarbono (sem que o líquido fosse oxigenado) por 60 minutos.
20 deles mantiveram o líquido por 60 minutos, incluindo quantidades de até 1.500 ml. Nos volumes maiores, os participantes relataram inchaço e desconforto abdominal, mas nenhum evento adverso grave foi relatado.
Segundo os cientistas, um próximo passo fundamental será repetir a avaliação usando o líquido oxigenado para medir a quantidade necessária e por quanto tempo para melhorar os níveis de oxigênio no sangue.
Eventualmente, Takebe e seus colegas esperam expandir a tecnologia para uso em cuidados com recém-nascidos. O cientista afirma que o momento de um futuro ensaio clínico dependerá do ritmo de arrecadação de fundos.
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