'Muralha tecnológica': Niterói investe R$ 30 milhões em estratégias contra o crime em dez anos
Uma das principais vertentes da política de segurança pública implementada em Niterói é o investimento maciço em aparatos tecnológicos, que criam uma espécie de muralha virtual contra ações criminosas. O funcionamento do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), equipamento responsável por ser o cérebro das ações coordenadas e que conta com integração 24 horas por dia com as polícias Militar e Civil, foi detalhado durante o primeiro encontro Caminhos de Niterói, realizado no auditório da Editora Globo, no Centro. Em dez anos, a cidade investiu R$ 30 milhões em tecnologia.
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Recentemente, o Cisp implementou a operação do sistema americano de detecção de disparos de arma de fogo ShotSpotter na Zona Sul de Niterói. A ferramenta, que já está em funcionamento há dois meses na Zona Norte, é a principal aposta de inovação desta nova fase do Cisp, batizada de Cisp 2.0 e que custou R$ 9 milhões aos cofres públicos. Os sensores captam os sons, os dados são processados em centros nos Estados Unidos e, em até 60 segundos, as informações chegam ao Cisp, que aciona imediatamente as forças de segurança para a região identificada.
Além do ShotSpotter, a prefeitura afirmou que esta fase do Cisp 2.0 inclui câmeras de última geração e o uso de inteligência artificial baseada em machine learning. O sistema, que já identificava fragmentos de placas, agora reconhece também cores de veículos e padrões comportamentais suspeitos. A atuação pode ser em tempo real, com alerta às forças de segurança, que montam o cerco e efetuam a prisão, ou por meio de monitoramento investigativo, como na prisão recente de um traficante foragido. Criado em 2015 como centro de vigilância e comando operacional, o Cisp integra o Pacto Niterói Contra a Violência.
A prefeitura destaca que ele foi pensado não apenas como uma central de câmeras, mas como um espaço de integração entre a Guarda Municipal, as polícias Civil e Militar, a Polícia Federal, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e outros órgãos operacionais. A coordenação fica a cargo de guardas municipais especialmente treinados para a função.
O Centro monitora imagens e informações de 522 dispositivos de segurança e 38 portais instalados nas entradas e saídas da cidade, operando ininterruptamente 24 horas por dia. Conta também com 120 câmeras inteligentes do sistema de cercamento eletrônico, cujas funções foram ampliadas ao longo dos anos. De acordo com levantamento feito pela administração municipal, mais de cinco mil imagens e relatórios técnicos foram enviados a delegacias e ao Judiciário com o apoio do setor de inteligência nesses dez anos de operação. Desta forma, o Cisp colaborou diretamente com a investigação e a elucidação de crimes, contribuindo para a prisão de criminosos em ações orientadas pelos guardas municipais.
— Costumo dizer que Niterói conta com uma verdadeira muralha tecnológica, que inibe ações criminosas na cidade. Durante, por exemplo, a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, Niterói foi a única cidade da Região Metropolitana que não registrou nenhum fechamento de comércio ou outro incidente como reflexo daquela ação—afirmou o prefeito Rodrigo Neves durante o painel Caminhos de Niterói.
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