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MP denuncia deputado Lucas Bove e pede prisão preventiva por descumprir medidas protetivas de Cíntia Chagas

24/10/2025 10:15 O Globo - Rio/Política RJ

O Ministério Público de São Paulo denunciou o deputado estadual Lucas Diez Bove (PL) por perseguição, violência psicológica, violência física e ameaça contra a ex-mulher Cíntia Chagas. A promotoria pediu à Justiça que o parlamentar seja preso preventivamente por supostos reiterados descumprimentos de medidas protetivas concedidas à influenciadora digital.
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No ano passado, a educadora, que ganhou fama na internet ao longo dos anos por dar lições de Língua Portuguesa em suas redes sociais, prestou queixa contra Bove e relatou abusos físicos e psicológicos ao longo do relacionamento de mais de dois anos.
O MP avalia que Bove teria ignorado determinações judiciais de forma reiterada e demonstrado "claro desprezo" às restrições protetivas. Isso, mesmo depois de intimações e advertências feitas pessoalmente e por meio de seus advogados. Para a promotoria, o deputado descumpre as medidas por acreditar que não será responsabilizado pelas consequências. Com isso, a mera existência dessas medidas já não seria suficiente para garantir a segurança de Cíntia Chagas.
Além disso, para o MP, o parlamentar expôs a vítima a desgaste emocional e revitimização com postagens e sugestões de que ela mentia. Cíntia foi "sistematicamente exposta e ridicularizada perante a mídia e opinião pública", destacou a acusação.
Em nota publicada no Instagram, a influenciadora afirmou que recebe a manifestação do MP "com serenidade e inabalável confiança na Justiça".
"Trata-se de um homem público, e é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder. A violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana. Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça", escreveu ela. "A todas as mulheres que enfrentam a violência, deixo uma mensagem: não se calem. O silêncio protege o agressor".
Nos últimos dias, vídeos de um debate na GloboNews entre Cíntia Chagas e a ex-deputada Manuela D'Ávila repercutiram nas redes sociais. No encontro, a influenciadora disse ter sido mais acolhida pela esquerda que pela direita após denunciar o ex-marido e refletiu sobre as próprias críticas ao movimento feminista, que hoje vê como suprapartidário. "Agora, talvez mais madura, eu olho para trás e vejo que a raiva que eu tinha das feministas vinha da raiva que eu tinha daquilo que eu vivia na minha casa, no meu casamento", disse ela, na transmissão.
Deputado nega crimes
Também pelas redes sociais, Lucas Bove disse que o MP pediu sua prisão apenas por ele "responder uma pergunta sobre fatos que já eram públicos". Ele citou um alegado laudo oficial e declarações que atestaram não ter havido dano psicológico, o que teria sido ignorado pela delegada responsável por apurar o caso. Ele disse que a ex-mulher desrespeita o segredo de justiça e a cautelar que a impede de falar do assunto. O parlamentar ainda fez ataques à militância feminista e citou ser alvo de falsas denúncias.
"Eu, na qualidade de Deputado sob a qual estou fazendo estas postagens, sinto vergonha em nome das milhares de vítimas reais de violência que muitas vezes deixam de denunciar justamente pela descredibilização que as falsas denúncias trazem à causa", escreveu Bove, que acrescentou: "Estou em paz, pois, além de ter a consciência limpa, confio na Justiça e tenho fé que a juíza será justa ao analisar tanto o pedido de prisão quanto a única narrativa que permaneceu de pé (violência psicológica)".
Bove foi indiciado pela polícia pelos crimes de perseguição e violência psicológica contra Cíntia Chagas no dia 29 de setembro. O inquérito encaminhado à Justiça. Já o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu arquivar a denúncia contra o deputado, acusado de quebra de decoro parlamentar após as denúncias.
Na época da separação, a influenciadora disse que, durante uma discussão, o deputado estadual teria arremessado uma faca contra a sua perna, ferindo-a. Em outra situação, como mostrou reportagem do GLOBO, Bove teria jogado uma garrafa de água mineral na direção de Cíntia e ameaçado queimar pertences da então esposa.

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