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Casas, carros e parentes: como PCC monitorou autoridades para planejar atentados

24/10/2025 13:25 O Globo - Rio/Política RJ

Criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram alvos de uma operação policial nesta sexta-feira por planejarem o assassinato do promotor de Justiça Lincoln Gakiya e do coordenador de presídios Roberto Medina. Os suspeitos levantavam informações sobre a rotina dos alvos para tramar os atentados nas cidades de Presidente Venceslau e Presidente Prudente, segundo as autoridades.
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Os levantamentos em Presidente Venceslau foram encomendados por Welisson Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthiana, a Victor Hugo da Silva, o VH ou Falcão, que coletou dados sobre Medina e familiares. Messi seria o responsável por fazer o mesmo na cidade de Presidente Prudente. Os envolvidos são integrantes do PCC, com histórico de envolvimento no tráfico de drogas.
As conversas obtidas pelos policiais mostram que VH visitou endereços ligados a Medina. O suspeito foi até a rua onde o diretor de presídios residia, enquanto repassava detalhes, fotos e vídeos a Welisson. Números de placas de carros parados em frente à casa também foram enviados ao suposto mandante. Em uma mensagem de áudio, VH diz que as casas da rua contam com câmeras de segurança e se mostrou cauteloso:
"Se eu tirar foto, tá cheio de câmera. Estou passando a pé, mano, entendeu? E outra, se eu fizer um vídeo vai ficar muito na cara, entendeu? Tá cheio de câmera", diz a mensagem.
Em um vídeo enviado a Welisson, VH faz de moto o trajeto entre a Penitenciária I de Presidente Venceslau e a residência de Medina. Ele também repassa instruções detalhadas de como chegar até o endereço. Para os investigadores isso "reforça o planejamento e a intenção de fornecer instruções precisas para o deslocamento até o imóvel monitorado, evidenciando o caráter estratégico da ação".
Ao longo do mês de junho, VH levantou detalhes sobre rotina da mulher de Medina e chegou a ir ao prédio no qual ela trabalhava. Em uma mensagem de áudio, ele descreve como é o carro da mulher e o local: "O muro do estacionamento na parte de trás tem uns 2 metros, entendeu? Não tem cerca elétrica, não é muito alto e pelo que eu vi de relance não tem câmera. É tranquilo, e ela anda sozinha, entendeu?", diz VH no áudio.
Imagens obtidas pela polícia mostram que suspeitos monitoraram alvos em Presidente Venceslau
Reprodução
"As imagens são bastante preocupantes e demonstram que a ORCRIM (organização criminosa) não tem encontrado limites nem mesmo em relações familiares, a pessoas completamente estranhas às atividades públicas das autoridades alvos", diz a polícia em um dos documentos.
No celular de Messi, os investigadores encontraram registros de negociações para a compra de fuzis, além de dados de georreferenciamento que indicam localizações em Presidente Prudente, inclusive, da sede do Ministério Público no município, onde Gakiya atua. Ao g1, o promotor disse ter tido a casa vigiada por drones. Nos arredores do condomínio onde ele reside, uma casa teria sido alugada pelos suspeitos para monitorá-lo.
Nos celulares dos investigados, os policiais também já encontraram registros de pesquisas por carros com espaço para sete ocupantes “com insulfilm totalmente fechado”. Esse tipo de veículo, destacam os investigadores, já foi utilizado em outros ataques a autoridades.

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