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Mesmo escondido da polícia, Evo Morales vota na Bolívia

19/10/2025 15:56 O Globo - Rio/Política RJ

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, votou neste domingo em um vilarejo em Chapare, em Cochabamba, mesmo foragido da polícia. Evo, que governou por três mandatos consecutivos entre 2006 e 2019, não conseguiu registrar sua candidatura devido a uma decisão judicial que proibiu mais de uma reeleição. O líder vive em um região cocaleira, protegido por uma guarda indígena de uma ordem de prisão por um caso de tráfico de menor de idade, acusação que ele nega.
Contexto: Bolivianos começam a votar neste domingo para escolha de novo presidente em disputa entre dois candidatos de direita
De longe, mas atentos: Bolivianos em São Paulo acompanham desconfiados segundo turno presidencial, que não terá representante da esquerda
Os bolivianos começaram a votar neste domingo para escolher seu próximo presidente num segundo turno entre dois candidatos de direita, em meio a uma grave crise econômica após 20 anos ininterruptos de governos socialistas. Mais de 7,9 milhões de cidadãos decidirão entre o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), engenheiro de 65 anos, e o senador Rodrigo Paz, economista de 58.
Ambos apresentaram promessas distintas para reverter a maior recessão enfrentada pelo país em quatro décadas. A última pesquisa divulgada antes do segundo turno, uma semana antes da votação pelo instituto Ipsos-Ciesmori, mostrava Quiroga com 44,9% das intenções de voto e Paz com 36,5%.
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Mesmo de fora do pleito, Morales coordenou uma campanha de protesto contra a direita e que pediu voto nulo, que atingiu o nível recorde de 19,2% no primeiro turno. E, embora tenha deixado seus seguidores livres para votar no segundo turno, ele declarou em uma entrevista à AFP em agosto, que permaneceria no país para "batalhar nas ruas" se a direita assumisse o poder.
— Uma crise social pode ser um motivo para que a liderança de Evo Morales eventualmente ressurja — alertou Osorio Michel.
Neste domingo, os locais de votação abriram as portas às 8h (no horário local, 9h de Brasília) e a eleição deve terminar a partir das 16h, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral, que prevê a divulgação dos primeiros resultados por volta de 20h.
A produção boliviana registrou contração de 2,4% no primeiro semestre de 2025, segundo dados oficiais. O Banco Mundial projeta que isso deve durar pelo menos por mais dois anos. As longas filas para abastecimento de combustíveis viraram parte da paisagem do país de 11,3 milhões de habitantes. E a inflação atingiu 23% em termos anuais em setembro.
Contexto: Escassez de combustíveis afeta distribuição de material para segundo turno na Bolívia
— Queremos exortar os dois candidatos (…) que respeitem absolutamente o resultado destas eleições, seja qual for — disse à imprensa o presidente Luis Arce, que deixará o poder em 8 de novembro.
— Se o vencedor da eleição não adotar medidas que apoiem o setor mais vulnerável, isso pode resultar em uma 'explosão' social — analisou Daniela Osorio Michel, cientista política do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga).
— Se o vencedor da eleição não adotar medidas que apoiem o setor mais vulnerável, isso pode resultar em uma 'explosão' social — analisou Daniela Osorio Michel, cientista política do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga).
Governabilidade como desafio
Paz terá a maior bancada do Parlamento, depois de conquistar, de maneira surpreendente, a maior votação no primeiro turno. Uma semana antes da eleição, as pesquisas o apontavam entre o terceiro e o quinto lugar. A segunda bancada mais numerosa será a de Quiroga.
— Contudo, nenhum dos dois terá maioria (…) será necessário obter acordos para aplicar suas medidas — disse à AFP a socióloga María Teresa Zegada.
Quiroga, conhecido como "Tuto", promete um "plano de resgate" para injetar US$ 12 bilhões (R$ 64 bilhões) na economia com empréstimos internacionais. Uma de suas principais promessas de campanha é regularizar abastecimento interno de combustíveis e o retorno das divisas ao sistema financeiro para devolvê-las aos poupadores, antes mesmo do Natal.
Já Paz, senador de centro-direita e filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), propõe uma forte descentralização e um "capitalismo para todos": um programa de formalização do trabalho, com redução de impostos e eliminação de barreiras burocráticas.
Ele afirmou, por sua vez, que não solicitará créditos até reestruturar as finanças internas.
Os dois concordam que é necessário aplicar cortes consideráveis nos gastos públicos, em particular no subsídio aos combustíveis, o que os especialistas afirmam que aprofundará a crise antes da recuperação do país.

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