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'Gatilho' do Parkinson é observado no cérebro humano pela primeira vez; entenda o impacto da descoberta

19/10/2025 13:11 O Globo - Rio/Política RJ

Cientistas conseguiram pela primeira vez observar o momento em que a doença de Parkinson sofre o "gatilho" inicial em um tecido cerebral humano. A pesquisa analisou os conjuntos menores de proteínas que compõem os corpos de Lewy, chamados oligômeros, que são considerados como os prováveis ​​responsáveis pelo início do desenvolvimento da doença de Parkinson no cérebro.
O novo estudo, que contou com uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambridge, UCL, Instituto Francis Crick e Politécnica de Montreal, usou técnica de imagem que permite ver, contar e comparar oligômeros no tecido cerebral humano.
Os resultados foram publicado na revista científica Nature Biomedical Engineering. A descoberta pode ajudar a desvendar como o Parkinson se espalha pelo cérebro.
“Os corpos de Lewy são a marca registrada do Parkinson, mas eles essencialmente indicam onde a doença esteve, não onde ela está agora. Se pudermos observar o Parkinson em seus estágios iniciais, isso nos dirá muito mais sobre como a doença se desenvolve no cérebro e como podemos tratá-la”, afirma o professor Steven Lee, do Departamento de Química Yusuf Hamied de Cambridge, que coliderou a pesquisa, em comunicado.
A equipe de pesquisadores desenvolveu uma técnica chamada ASA-PD (Detecção Avançada de Agregados para a Doença de Parkinson), que contém microscopia de fluorescência ultrassensível para detectar e analisar os aglomerados em tecido cerebral post-mortem.
“Esta é a primeira vez que conseguimos observar oligômeros diretamente no tecido cerebral humano nesta escala: é como ver estrelas em plena luz do dia. Isso abre novas portas na pesquisa sobre Parkinson”, ressalta a coautora Rebecca Andrews, que conduziu o trabalho quando era pesquisadora de pós-doutorado no laboratório de Lee.
Foram examinadas amostras de tecido cerebral post-mortem de pessoas com Parkinson e, depois, elas foram comparadas com indivíduos saudáveis ​​de idade semelhante. Dessa forma, os cientistas descobriram que os oligômeros existem tanto em cérebros saudáveis ​​quanto em cérebros com Parkinson.
A principal diferença entre cérebros saudáveis ​​e doentes era o tamanho dos oligômeros, que eram maiores, mais brilhantes e mais numerosos em amostras doentes, sugerindo uma ligação direta com a progressão do Parkinson.
Além disso, uma subclasse de oligômeros apareceu apenas em pacientes de Parkinson, que podem ser os primeiros marcadores visíveis da doença, potencialmente anos antes dos sintomas aparecerem.
“Este método não nos fornece apenas uma visão geral. Ele oferece um atlas completo das alterações proteicas no cérebro, e tecnologias semelhantes poderiam ser aplicadas a outras doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Huntington. Os oligômeros têm sido a agulha no palheiro, mas agora que sabemos onde essas agulhas estão, isso pode nos ajudar a atingir tipos específicos de células em certas regiões do cérebro”, aponta o professor Lucien Weiss, da Politécnica de Montreal, que coliderou a pesquisa.

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