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Dormir bem se torna mais difícil com a idade? O que a ciência diz sobre o sono em pessoas com mais de 60 anos

19/10/2025 15:24 O Globo - Rio/Política RJ

À medida que envelhecemos, o sono muda, mas nem todos os problemas noturnos devem ser considerados “normais”. Segundo Araceli Abad Fernández, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Getafe (Madri), com a idade dormimos de forma diferente, embora isso não signifique aceitar o sono de má qualidade como uma consequência inevitável da idade.
Os ajustes fisiológicos associados ao envelhecimento alteram o início, a manutenção e o despertar do sono, afetando a qualidade de vida.
Abad alerta que insônia crônica, apneia do sono ou sonolência excessiva, para citar alguns exemplos, não são uma parte natural do envelhecimento e podem afetar o coração, a memória e até aumentar o risco de quedas.
Por isso, ele recomenda hábitos diurnos que promovam um melhor descanso: manter rotinas regulares, expor-se à luz solar no início do dia e manter um estilo de vida ativo.
— Por isso, é preciso ter alguns hábitos diários para conseguir dormir melhor à noite — ressalta a especialista.
Hábitos saudáveis ​​para um melhor descanso
Entre as recomendações específicas, a pneumologista sugere tirar cochilos 'saudáveis', ou seja, não mais do que 30 minutos, e evitar ao máximo remédios para dormir, especialmente benzodiazepínicos. Ela também aconselha reduzir o consumo de cafeína, praticar exercícios pela manhã, evitar telas antes de dormir e criar um ambiente noturno relaxante e com temperatura agradável.
A especialista ressalta que diversos fatores externos desregulam o ritmo circadiano dos idosos: falta de exposição à luz natural, solidão indesejada, transtornos de humor e dores mal controladas. Idosos que vivem em casas de repouso são especialmente vulneráveis, pois horários impostos ou inatividade diurna podem levar ao aumento da sonolência diurna e piorar a insônia noturna.
O que muda com a idade
Abad ressalta que o sono em idosos se torna mais superficial, com redução da fase N3, ou sono profundo. O início do repouso costuma ser mais precoce, e o despertar ocorre mais cedo do que o habitual.
— Em geral, os idosos tendem a passar mais tempo na cama, mas o sono mais superficial, os múltiplos despertares e o despertar precoce levam à diminuição da eficiência do sono — explica.
Somam-se a isso os despertares por vontade de ir ao banheiro ou dores nas articulações, que prejudicam ainda mais a qualidade do sono. No entanto, o especialista esclarece que sonolência diurna, ronco, apneia e insônia persistente não devem ser normalizados.
Consequências e sinais de alerta
A falta de descanso adequado, a partir dos 60 anos, tem efeitos semelhantes aos de qualquer outra idade: pior qualidade de vida, sonolência diurna e aumento do risco cardiovascular. Também pode dificultar o controle de doenças crônicas, promover ganho de peso e afetar o humor ou as habilidades cognitivas.
— Mas, além disso, nessa faixa etária, o comprometimento cognitivo, o impacto que ele pode ter no humor ou nas habilidades motoras (aumento de quedas ou dificuldade para andar) são fatores que devem ser levados em consideração — acrescenta Abad.
Quando consultar um especialista
O pneumologista aconselha consultar um especialista caso o problema interfira na qualidade de vida ou no manejo de doenças crônicas.
— A presença de ronco e/ou apneia, dor ou sensação de queimação nas extremidades, necessidade de se levantar para aliviar os sintomas, movimentos involuntários ou bruscos durante a noite, ou necessidade de se levantar constantemente, são motivos que devem levar o paciente a consultar um especialista e ser encaminhado para uma unidade do sono — finaliza.

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