Julgada no Camboja, brasileira vítima de tráfico humano conhecerá veredito em novembro
Vítima de uma rede de tráfico humano que a levou até o Sudeste Asiático, a brasileira Daniela Marys de Oliveira, de 35 anos, foi julgada nesta quinta-feira no Camboja por posse e uso de drogas. A decisão, no entanto, só será divulgada no próximo dia 12 de novembro. Familiares de Daniela alegam que as substâncias, que não foram especificadas pelas autoridades locais, foram plantadas na bagagem da brasileira.
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Segundo Lorena Oliveira, irmã de Daniela, a família foi informada apenas que três cápsulas foram apreendidas em posse da mulher. Ela está detida há sete meses na Prisão Provincial de Bantiey Meanchey.
Aos familiares, a brasileira relatou no início do ano ter recebido uma proposta de emprego para trabalhar com telemarketing no Camboja. O contrato prometido seria temporário, de seis meses a um ano, e ela pretendia retornar ao Brasil em seguida. Daniela embarcou para o Camboja no dia 30 de janeiro.
— Quando ela chegou, mandou para nós a localização. Começamos a achar muito estranho: era um complexo afastado da capital, próximo da fronteira com a Tailândia — diz Lorena, irmã de Daniela — Assim que ela entrou lá, pegaram o passaporte dela. Não tinha como ela sair. É um local sem comércio, sem estrada, sem nada.
Segundo Lorena, ao longo do mês de fevereiro, novas vítimas do esquema foram chegando ao complexo. Em março, o treinamento para o suposto emprego teve início, e Daniela de Oliveira percebeu que seria obrigada a cometer golpes na internet. Ela se negou a continuar no local e pediu para sair, mas foi avisada de que deveria pagar uma multa. Os familiares de Daniela afirmam que, após esse episódio, drogas foram plantadas na bagagem da brasileira.
Lorena afirma que, nos dois dias seguintes à prisão de Daniela, a família passou a ser extorquida por criminosos se passando pela irmã. Cerca de R$ 27 mil foram repassados aos criminosos.
— Eles ficaram com todos os pertences dela, inclusive o celular. Com ele, começaram a mandar mensagem para nós, se fazendo passar por ela. Falaram que tinha uma multa a ser paga. Percebemos que não era ela por conta dos erros de ortografia e também perguntamos coisas íntimas — diz Lorena.
A família conseguiu falar com a arquiteta apenas no dia 29 de março. Daniela relatou o que havia acontecido nos últimos dias e falou que havia pedido para fazer um teste toxicológico, o que foi negado. Na prisão, ela enfrenta dificuldades para se comunicar por não falar a língua local, mas uma ONG local conseguiu um advogado para defendê-la no julgamento da próxima semana.
No momento, a família realiza uma vaquinha virtual para ajudar a trazer a brasileira de volta ao país. O objetivo é arrecadar R$ 60 mil reais para pagar advogados, custo das passagens e comprar itens básicos.
Procurado, o Itamaraty disse que tem conhecimento do caso, que é acompanhado pela Embaixada do Brasil em Bangkok.
"A Embaixada vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consula cabível à nacional brasileira, em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas", diz a nota.
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