Juan Jullian fala de sua primeira novela como autor titular na Globo: 'Conto de fadas contemporâneo'

Aos 30 anos, Juan Jullian vai assinar sua primeira novela como autor titular na TV Globo. "Próxima página" acompanhará Íris, jovem do interior de São Paulo que tem o sonho de ser escritora. A estreia na faixa das 19h está prevista para agosto de 2026, depois de "Coração acelerado", a sucessora de "Dona de mim".
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— Eu venho da Taquara (bairro da Zona Sudoeste do Rio, antes chamada Zona Oeste). Minha mãe era motorista de Kombi e fazia uma linha que passava pelo Projac (hoje Estúdios Globo). Ela pegava a galera que saía ali do expediente na Globo. Para mim, parecia muito distante escrever uma novela. Eu cresci assistindo com meus avós. A faixa preferida do meu avô, que morreu no final de 2023, era a das 19h. Então, é mágico ocupar este lugar. Realização de um sonho e concretização de um trabalho — diz.
Jullian, que foi colaborador de Rosane Svartman na atual produção das 19h, teve o experiente Ricardo Linhares acompanhando todo o processo de desenvolvimento da sinopse até a escrita dos capítulos. Ele apresentou a história à direção após participar da oficina Cria Globo, no ano passado:
— A novela é sobre a jornada da Íris, de 25 anos, filha da faxineira de uma biblioteca no interior de São Paulo. Cresceu entre livros e quer ser escritora. Parece algo distante, pois ela tem que lutar para pagar as contas da casa e concluir a faculdade. Até que uma editora fará para um reality literário para descobrir o escritor de um novo best-seller. A personagem, então, faz a inscrição e vai para a capital atrás do sonho. Vamos mostrar a jornada de amadurecimento da protagonista, com muitas surpresas e reviravoltas. A história conversa com o desejo de mostrar o Brasil na tela e com o jovem brasileiro. Íris tem resiliência e se nega a deixar o brilho com que vê o mundo, apesar das adversidades. Um conto de fadas contemporâneo com uma princesa pop melodramática do Brasil. Tem influência de novelas brasileiras e turcas, de dorama... É um grande caldeirão de referências. Eu consumo tudo. Na hora de escrever, isso aparece.
Em São Paulo, a mocinha conhecerá um escritor, Cássio, que é seu grande ídolo. Ele estará em bloqueio criativo desde a morte da mulher. Na outra ponta do triângulo, João, amor da infância dela. A trama terá como diretor artístico André Câmara, também um homem negro.
— As coisas estão mudando não só na frente da câmera, mas atrás dela. Eu admirava as pessoas da televisão, mas não me via nelas. É simbólico assistir a esta transformação. André é muito parceiro, e vai ser especial contar esta história com ele — comemora Jullian, que diz não sentir uma pressão diante do desafio: — Estou focado no processo. Tento me blindar de barulhos externos. Escrevo 12 horas por dia. Nas horas vagas, penso, leio e busco referências. Bate um friozinho na barriga, mas parte da graça é essa adrenalina. É o que torna o trabalho prazeroso.
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Jullian foi convidado a integrar o time de roteiristas da Globo em 2021, depois que participou, dois anos antes, do Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para o Audiovisual (LANANI), promovido pela empresa em parceria com a Festa Literária das Periferias (Flup).
Ele também é um dos autores de "Reencarne", série de suspense sobrenatural que estreia nesta quinta (23) no Globoplay. Na trama, Túlio (Welket Bungué), um ex-policial, sai da prisão após ser condenado pela morte do melhor amigo, Caio (Pedro Caetano). Então, surge na sua vida Sandra (Julia Dalavia), dizendo ser a reencarnação de Caio.
Jullian ainda escreveu, em parceria com Amanda Jordão, o filme "Roubo do cão", que chegará ao Telecine Premium em 1º de novembro. O longa acompanha a menina Luciana (Dandara Arcebispo), cujo cachorro desperta a atenção da filha da personagem de Fabiula Nascimento. A mulher, então, contrata um casal para pegar o animal, enquanto a protagonista faz de tudo para impedir:
— "Roubo do cão" vem muito de "Esqueceram de mim", filme que eu via sem parar. A protagonista faz traquitanas para atrapalhar os bandidos.  Fiquei imaginando: "E se fosse uma menina preta? E se fosse no subúrbio?". Sempre fui muito apaixonado por histórias de fantasia, sagas, como "Harry Potter", "Jogos vorazes" e "Percy Jackson". Fui percebendo que, apesar de me identificar com as narrativas, não me via naquele espaço de protagonismo. Quando eu escrevo hoje em dia, em algum lugar estou contando as histórias que gostaria de ter consumido naquela idade.
Com um grande sonho já se realizando, Jullian teria mais algum?
— Meu sonho agora é a manutenção do sonho. Quero conseguir dar conta desta missão que é escrever novela. Estou animado para passar por esta jornada, chegar a 2027 e falar: "A gente conseguiu. Botou no ar uma novela de que a gente se orgulha, debatendo temas importantes e urgentes. E tudo isso sendo divertido" — planej

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