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Governo tira cargos do PSD e PP após atuação de Ciro Nogueira e Kassab em derrota da MP alternativa ao IOF

11/10/2025 20:00 O Globo - Rio/Política RJ

O governo demitiu uma série de indicados por deputados do Centrão após a Câmara impor uma derrota e fazer a Medida Provisória alternativa ao aumento do IOF perder a validade.
Foram retirados de suas funções nomes ligados ao PP e PL na Caixa Econômica Federal, vinculados ao PSD no Ministério da Agricultura e ao MDB no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Governistas identificaram as digitais do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do PSD, Gilberto Kassab, na articulação que levou a MP a perder a validade.
José Trabulo Júnior, que aparece em fotos ao lado de Nogueira e já foi indicado por ele para outros cargos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, saiu do cargo de consultor da presidência da Caixa. Integrantes do governo a par da saída dizem que a demissão foi um pedido do ministério da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), comandado por Gleisi Hoffmann e responsável pela articulação política do governo.
Ciro Nogueira Trabulo Júnior, ex-consultor da presidência da Caixa
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Outra mudança aconteceu na vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital do banco, que era comandada por Rodrigo Lemos e que agora ficará sob o comando interino de Jean Rodrigues Benevides, diretor-executivo de Sustentabilidade e Cidadania Digital do banco.
A presidência da Caixa e as vice-presidências foram indicadas por um grupo que tinha à frente o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) em troca de uma base no governo na Casa. Lira assumiu a escolha do comando do banco, mas nas vices ouviu os partidos na Casa. A escolha de Lemos era atribuída ao PL, que embora seja o partido de Bolsonaro, costumava dar cerca de 20 a 30 votos em projetos de interesse da equipe econômica, como a Reforma Tributária e o arcabouço fiscal.
Também foram retirados dos cargos indicações de deputados federais em quatro superintendências estaduais do Ministério da Agricultura. Após todos os deputados do PSD do Paraná e do Maranhão voltarem contra a MP, as superintendências nesses estados foram mudadas. Também houve demissões nas do Pará e Minas Gerais, onde as bancadas do PSD no estado se dividiram igualmente entre apoiar ou ir contra o governo.
Além disso, a superintendência do DNIT em Roraima foi trocada após a deputada Helena Lima (MDB-RR), apontada como madrinha do cargo, votar contra a MP. Helena não retornou aos contatos da reportagem. Procurados, Gleisi, Ciro Nogueira e Gilberto Kassab também não se manifestaram.
Líderes partidários de diferentes grupos políticos na Câmara apontam que Nogueira e Kassab agiram alinhados ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para derrubar a iniciativa, que revia isenções em diversos setores e era considerada essencial pela equipe econômica do governo para atingir a meta fiscal. O governador nega.
O presidente do PP é um dos principais entusiastas de uma candidatura de Tarcísio à Presidência. Por sua vez, Kassab também faz parte de uma negociação por candidatura única da direita e é secretário de Relações Institucionais do governador de São Paulo.
Enquanto Ciro agiu diretamente no contato com os parlamentares para derrubar a MP, deputados dizem que Kassab atuou orientando o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA). A ideia era abrir exceções para que parlamentares mais governistas do PSD pudessem votar com o Planalto, como é o caso da Bahia, do Ceará e do Rio, mas, ao mesmo tempo, pressionar para que o resto votasse contra.
Além deles, parlamentares apontam a influência do presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, na derrota do governo.

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