Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Gorilas-das-montanhas também chegam na menopausa, aponta estudo feito por mais de 30 anos

22/10/2025 06:01 O Globo - Rio/Política RJ

Após décadas de estudo, as fêmeas de gorila-da-montanha (Gorilla beringei beringei) podem ser mais parecidas com a espécie humana do que se pensava. Quatro grupos sociais da espécie tiveram observados histórico de vida e comportamento no Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, em Uganda, na África. Por cerca de 10 anos, esses indivíduos têm uma vida pós-reprodutiva, o que pode indicar terem menopausa.
Descoberta: Lobos tendem a fugir mais ao ouvir a voz humana do que sons de cães e pássaros, aponto estudo
Spray inflamável: Mulher incendeia prédio ao tentar matar barata com lança-chamas, e vizinha morre na Coreia do Sul
A descoberta faz parte de um estudo e foi publicada, no último dia 13, na revista PNAS, assinado por Nikolaos Smit e Martha Robbins do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista na Alemanha. A observação por mais de três décadas indicou que quase um terço das fêmeas observadas, isto é, 7 dos 25 indivíduos, param de se reproduzir. Com expectativa de vida menor do que 50 anos, isto significa que estes animais vivem cerca de um quarto como adultos em fase pós-reprodutiva.
De acordo com os pesquisadores, essa descoberta muda a compreensão da evolução do histórico de vida dos hominídeos (os maiores primatas). Ele revela que as fêmeas de gorilas-das-montanhas, assim como os humanos e alguns outros mamíferos, podem viver muito além do nascimento de sua última prole.
Essa vida pós-reprodutiva, quando as fêmeas param de produzir descendentes muito antes da morte, havia sido claramente documentada apenas em humanos, algumas espécies de baleias e uma população de chimpanzés. Parar de ter descendentes muito antes da morte entre os animais representa um enigma evolutivo, destaca a pesquisa.
Nestes anos de observação foi constatado que algumas fêmeas de gorilas-das-montanhas selvagens observadas no parque em Uganda também vivem por muitos anos após seu último parto. A descoberta pode oferecer uma pista importante para entender como e por que a menopausa evoluiu e se viver muito tempo após a reprodução pode ter raízes evolutivas profundas compartilhadas com esses primatas mais próximos.
— Queríamos testar formalmente a presença de uma longa vida pós-reprodutiva em gorilas-das-montanhas, pois observamos fêmeas idosas que haviam cessado a reprodução há muito tempo, mas ainda pareciam gozar de ótima saúde. Duas fêmeas que estavam maduras quando iniciamos o estudo em 1998 ainda estão vivas, mas tiveram sua última prole em 2010 — disse Martha Robbins, diretora do projeto de pesquisa de longo prazo sobre gorilas-das-montanhas de Bwindi, que forneceu os dados para este estudo.
Entre os desafios para avançar com o estudo está em documentar na natureza mais informações que poderiam requer, por exemplo, uma análise hormonal detalhada para constatar a menopausa, período caracterizado por uma cessação fisiológica permanente da menstruação devido à perda da função ovariana. Ainda assim, "este estudo complementa as observações dos chimpanzés e sugere que a evolução da vida pós-reprodutiva dos humanos pode remontar ao ancestral comum dos hominídeos africanos", destaca o texto de apresentação dos resultados no site do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista, no qual os dois pesquisadores fazem parte.
— As pressões evolutivas que podem ter favorecido a evolução da expectativa de vida pós-reprodutiva, ou mesmo a menopausa, em gorilas permanecem obscuras — ainda estamos longe de decifrar as raízes evolutivas dessas características em gorilas e além — salientou Nikos Smit, um dos autores do estudo e pesquisador de pós-doutorado nas duas instituições envolvidas na pesquisa.
Initial plugin text

Fonte original: abrir