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Fábrica de Inovações do Google vai revisar rede elétrica do Rio para possível instalação de data centers

21/10/2025 19:21 O Globo - Rio/Política RJ

A fábrica de projetos inovadores da Alphabet, dona do Google, planeja revisar a rede elétrica do Rio de Janeiro antes da possível construção de data centers que colocariam a cidade na vanguarda da indústria de inteligência artificial da América Latina, segundo o vice-prefeito da cidade.
O trabalho será realizado com a Tapestry, uma divisão da Moonshot Factory que foca na gestão de redes elétricas, e deve ser uma das quatro iniciativas que a cidade anunciará no início do próximo mês, durante um evento vinculado à Cúpula Mundial de Prefeitos do C40, disse o vice-prefeito Eduardo Cavaliere em entrevista. Segundo ele, o acordo com a Tapestry não incluirá investimento direto em data centers.
Demonstrar a confiabilidade da rede elétrica do Rio é um passo crucial para convencer gigantes globais da tecnologia a escolherem a cidade como destino para construir data centers. A Rio AI City eventualmente exigirá tanta eletricidade quanto toda a cidade consome atualmente.
“A Tapestry é muito importante para o projeto da Rio AI City porque certifica a qualidade da distribuição de energia”, disse Cavaliere. “Data centers e empresas de grande escala precisam confiar na infraestrutura energética.”
Um porta-voz da Tapestry se recusou a comentar.
A Rio AI City está localizada ao lado do Parque Olímpico, a apenas três quilômetros de uma das praias mais valorizadas do Rio. Ela utilizará infraestrutura remanescente dos mesmos cabos de alta velocidade que transmitiram os Jogos Olímpicos de 2016, segundo Cavaliere.
A Moonshot Factory, anteriormente conhecida como Google X, foi fundada em 2010. Dela surgiram algumas das iniciativas mais ambiciosas da Alphabet, como a empresa de carros autônomos Waymo e a empresa de ciências da vida Verily, que hoje operam de forma independente dentro do grupo.
Mais recentemente, no entanto, a divisão passou a atuar como uma incubadora, transformando seus projetos em startups — uma mudança impulsionada por pressões financeiras e por um foco corporativo mais intenso em inteligência artificial.
A Elea Data Centers, responsável pelo desenvolvimento da Rio AI City, projetou o empreendimento para atrair as maiores empresas de tecnologia dos EUA, afirmou o CEO Alessandro Lombardi em entrevista. A recente aprovação de incentivos fiscais para data centers ajudou a aumentar o interesse, disse ele.
A expansão da Rio AI City exigirá investimentos massivos nas capacidades de transmissão e geração de energia do Brasil. Atualmente, a rede elétrica depende principalmente de hidrelétricas e, em 2021, uma seca levantou preocupações sobre a possibilidade de racionamento de energia no país.
Lombardi disse que uma nova usina nuclear no estado do Rio de Janeiro, além de uma nova linha de transmissão trazendo energia eólica e solar do Nordeste, ajudará a Elea a garantir fornecimento suficiente de eletricidade até o final da década.
No entanto, custará cerca de US$ 50 bilhões para levar o projeto da Rio AI City a uma capacidade de 1,5 gigawatts em 2028 ou 2029, segundo Lombardi. Aproximadamente 20% dos investimentos serão destinados à infraestrutura básica dos data centers, e o restante será usado para o hardware de computação em si, afirmou. A Elea espera atingir, eventualmente, uma capacidade de 3,2 gigawatts no projeto.
“É ambicioso”, disse Lombardi. “Quais são as cidades do futuro? São aquelas que conseguem construir capacidade computacional nessa escala.”
O Brasil é considerado o país mais bem posicionado da América Latina para aproveitar o boom global de investimentos em data centers, por contar com diversas fontes de energia renovável e a maior rede de cabos de fibra óptica de alta velocidade da região.
Ainda assim, apenas um terço dos data centers anunciados no Brasil realmente sairá do papel, pois alguns não têm conexão com a rede elétrica e outros estão muito distantes de São Paulo, o centro financeiro do país, disse Inês Gaspar, líder de pesquisa para a América Latina da Aurora Energy.
“A demanda por projetos está muito inflacionada, pois há pedidos sobrepostos e muitos anúncios especulativos”, disse ela.
Lombardi disse que a Rio AI City está próxima de linhas de transmissão e subestações, além de estar relativamente perto de São Paulo.
Ele afirmou esperar anunciar um investidor para a primeira fase do projeto no início do próximo ano.

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