
Exportações chinesas disparam apesar do tarifaço de Trump
As exportações da China cresceram no ritmo mais rápido em seis meses, superando amplamente as previsões — um sinal de resiliência que dá a Pequim uma posição mais forte na mais recente guerra comercial com os Estados Unidos.
As exportações aumentaram 8,3% em setembro em relação ao ano anterior, chegando a US$ 328,6 bilhões, o maior total mensal de 2025 até agora, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas, divulgados nesta segunda-feira. O avanço foi superior à estimativa mediana de 6,6% em uma pesquisa da Bloomberg com economistas, e mostra que ainda não há sinais de desaceleração no fluxo recorde de produtos que deixam os portos chineses.
Os embarques para os Estados Unidos despencaram 27% — no sexto mês consecutivo de quedas de dois dígitos —, mas essa retração foi mais do que compensada pelo forte crescimento das vendas para regiões como a União Europeia. No total, as exportações para destinos fora dos EUA aumentaram 14,8%, o ritmo mais rápido desde março de 2023.
— As exportações da China permaneceram resilientes apesar das tarifas americanas, graças à diversificação de mercados e à forte competitividade — disse Michelle Lam, economista para a Grande China do Societe Generale SA. — O impacto limitado das tarifas dos EUA sobre o comércio total até agora provavelmente encorajou a China a adotar uma postura mais firme nas negociações comerciais entre os dois países.
A força da demanda de mercados fora dos Estados Unidos significa que as empresas chinesas devem ser menos afetadas pelo novo aumento nas tarifas ameaçado pelo presidente Donald Trump. As maiores vendas ao exterior também estão dando impulso a uma economia doméstica em deflação e que ainda luta para reverter a queda na demanda e nos preços dos imóveis.
A China deve divulgar os dados do terceiro trimestre da atividade econômica no próximo dia 20, e a maioria dos analistas prevê uma desaceleração em relação à primeira metade do ano. Ainda assim, o bom desempenho nos dois primeiros trimestres mantém o país a caminho de atingir a meta oficial de crescimento, em torno de 5%.
“O crescimento mais rápido das exportações da China em setembro mostra que os embarques para mercados fora dos EUA estão compensando a forte queda nas exportações destinadas aos Estados Unidos sob tarifas mais altas. Isso provavelmente reflete tanto uma maior expansão em mercados não americanos quanto transbordos via terceiros países, para aproveitar tarifas relativamente mais baixas”, aponta Eric Zhu, analista da Bloomberg Economics.
Empresas buscam mercados alternativos
As empresas têm respondido ao aumento das tarifas americanas buscando mercados alternativos ou redirecionando produtos indiretamente para a maior economia do mundo. Os embarques para a África dispararam 56% no mês passado — o ritmo mais rápido desde fevereiro de 2021 —, enquanto as exportações para a América Latina se recuperaram 15,2%, revertendo as quedas observadas em junho e agosto.
As exportações para a União Europeia cresceram mais de 14%, o maior aumento em mais de três anos, e as destinadas ao bloco comercial do Sudeste Asiático, composto por dez países, avançaram quase 16%.
O Vietnã foi um dos principais parceiros comerciais a registrar os maiores aumentos, com as exportações chinesas para o país subindo quase 25%, mesmo com o ritmo geral de crescimento moderado.
A Capital Economics chamou o Vietnã de “principal centro de redirecionamento” e afirmou que os números mais recentes sugerem que “o redirecionamento continua sendo um fator essencial para compensar as tarifas dos EUA.”
As importações da China cresceram 7,4% em setembro, muito acima das previsões, à medida que o país aumentou as compras de nações como Japão, Coreia do Sul, Países Baixos e Taiwan. Com isso, o superávit comercial total da China chegou a US$ 90,5 bilhões — um aumento de quase 11% em relação ao mesmo mês de 2024.
E como a China tem reduzido as compras de produtos americanos, como soja, seu superávit comercial com os EUA na verdade aumentou ligeiramente de agosto para setembro, chegando a cerca de US$ 23 bilhões. As exportações chinesas para a UE superaram as importações em quase US$ 23 bilhões, resultando no menor superávit comercial com o bloco desde março.
— O ambiente externo atual continua sombrio e complexo — disse Wang Jun, vice-chefe da autoridade alfandegária em Pequim. — O comércio exterior enfrenta incertezas e dificuldades crescentes. Considerando a base alta do ano passado, será preciso trabalho árduo para estabilizar o desenvolvimento do comércio no quarto trimestre.
Na semana passada, a China anunciou amplos controles globais de exportação sobre produtos que contenham até mesmo vestígios de certos minerais de terras raras, o que levou Donald Trump a reagir ameaçando cancelar uma reunião presencial planejada com o presidente Xi Jinping — a primeira em seis anos.
O líder americano também anunciou planos para impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, além de restrições abrangentes a “qualquer
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