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Exercícios acalmam a mente e favorecem a longevidade

13/10/2025 10:30 O Globo - Rio/Política RJ

Em meio à rotina acelerada e à sobrecarga de estímulos da vida moderna, cresce o interesse por práticas que promovem relaxamento e equilíbrio entre corpo e mente. Muitas vezes vistas apenas como exercícios físicos, atividades como ioga, pilates e alongamento têm mostrado efeitos profundos também sobre o cérebro.
A “mágica” acontece porque, ao desacelerar o ritmo e reconectar o corpo à respiração, reduzimos o estresse, melhoramos o sono e aumentamos a sensação de bem-estar.
— Quando o corpo relaxa, o cérebro também muda de frequência — explica a neuropsicóloga Priscila Gasparini Fernandes.
Segundo ela, durante esses exercícios, o sistema nervoso sai do modo de alerta e ativa o sistema parassimpático, responsável por acalmar e restaurar o organismo.
Essa mudança química e fisiológica reduz a produção de hormônios como cortisol e adrenalina e estimula neurotransmissores ligados ao prazer e à tranquilidade, como serotonina, dopamina e GABA — este último, um dos principais “freios naturais” da ansiedade.

O resultado é uma mente mais estável e presente.
— A pessoa melhora o foco e a clareza mental. Porque o relaxamento não é uma pausa vazia, mas um estado ativo de reorganização cerebral — ensina a especialista.
A neuropsicóloga explica que corpo e mente funcionam em rede, e que o movimento consciente tem impacto direto sobre funções cognitivas.
— Quando nos movimentamos com atenção, ativamos áreas cerebrais ligadas à memória, ao planejamento e à tomada de decisão.
Entre os elementos que mais influenciam o cérebro está a respiração.
— Esse treino interno ensina o corpo a manter a calma em situações adversas. Com a prática constante, o cérebro aprende a não entrar em pânico e o relaxamento passa a ser um reflexo natural, não uma exceção — afirma Priscila.
Priscila Gasparini Fernandes, neuropsicóloga
Arquivo pessoal
Com a prática constante, o cérebro aprende a não entrar em pânico e o relaxamento passa a ser um reflexo natural, não uma exceção”
Os benefícios vão além do bem-estar imediato. Pesquisas indicam que ioga e pilates podem proteger contra o declínio cognitivo, preservando funções executivas, como raciocínio, flexibilidade mental e atenção, que costumam ser afetadas com o envelhecimento. Ao melhorar a oxigenação e a qualidade do sono, essas práticas também favorecem a consolidação da memória e a regeneração neuronal.
E não é preciso adotar uma rotina intensa para colher resultados. Segundo Priscila, mais do que intensidade, o que importa é a constância.
— O cérebro aprende com a repetição — diz ela.
O segredo é começar
Essa transformação pode acontecer aos poucos, sem pressa e com atenção.
— O que mais observo em quem adota uma rotina de relaxamento é o desarme do corpo e da mente — conta Adriana Camargo, professora de ioga há mais de 20 anos.
Segundo ela, efeitos como melhora do sono, diminuição da ansiedade, digestão mais equilibrada e maior clareza mental aparecem rápido.
— O corpo entende que não precisa mais viver em modo de alerta o tempo todo. Porque relaxar não é parar e sim recarregar as energias com consciência — avalia.
E nem é preciso muitas horas de treino para notar a mudança.
— Dez minutos bem feitos, com presença e intenção, valem mais do que uma hora no automático. Pode ser uma respiração guiada, um alongamento antes de dormir, ou apenas três respirações profundas ao acordar. O segredo é começar pequeno, mas começar — diz Adriana.
Para quem já passou dos 50 anos, ressalta a professora, os benefícios colhidos têm papéis específicos.
— Nessa fase, o corpo precisa de outro tipo de cuidado. Força e mobilidade continuam importantes, mas a regulação do estresse se torna essencial. Práticas restaurativas equilibram o cortisol, reduzem inflamações, preservam massa magra e fortalecem o sistema imunológico — aponta.
Adriana Camargo, professora de ioga
Arquivo pessoal
Longevidade não é só viver muito, é viver com presença, calma e vitalidade. E isso só acontece quando a gente aprende a desacelerar”
Mais do que prolongar a vida, ela afirma, a atividade ajuda na qualidade de vida.
— Longevidade não é só viver muito, é viver com presença, calma e vitalidade. E isso só acontece quando a gente aprende a desacelerar.
Entre o barulho das notificações e a correria dos dias, talvez o exercício mais importante seja justamente o que nos ensina a parar para respirar, relaxar e deixar o corpo, enfim, ensinar o cérebro a encontrar equilíbrio.

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