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Estudo aponta que MS está entre os estados com mais órfãos da covid-19

27/10/2025 13:20 Campo Grande News - Política

Além das mais de 700 mil mortes diretas causadas pela covid-19 no Brasil, a pandemia deixou um rastro silencioso de sofrimento: 284 mil crianças e adolescentes perderam pais, avós ou outros cuidadores entre 2020 e 2021. O levantamento, feito por pesquisadores do Brasil, Inglaterra e Estados Unidos, mostra que Mato Grosso do Sul teve uma das maiores taxas de orfandade do país, com 3,8 crianças órfãs a cada mil habitantes, atrás apenas de Mato Grosso (4,4) e Rondônia (4,3). A pesquisa, divulgada neste mês e publicada no site da Agência Brasil, estimou que 1,3 milhão de menores de 0 a 17 anos perdeu ao menos um cuidador por diferentes razões durante a pandemia. Desses, 284 mil ficaram órfãos em decorrência direta da covid-19, sendo 149 mil filhos que perderam o pai, a mãe ou ambos e 135 mil que perderam outro familiar responsável pelo cuidado. “Queríamos olhar para a vulnerabilidade das pessoas que dependiam de quem faleceu”, explica Lorena Barberia, professora do Departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo) e uma das autoras do estudo. “Muitos idosos exerciam papel central na estrutura familiar, e inúmeras crianças e adolescentes dependiam deles. Era importante estimar não apenas a perda de pais e mães, mas também desses cuidadores.” Os dados mostram grandes disparidades regionais. Enquanto estados como Santa Catarina (1,6) e Pará (1,4) registraram índices mais baixos, regiões do Centro-Oeste e Norte concentraram os maiores casos proporcionais. A desigualdade também se refletiu no perfil socioeconômico das famílias atingidas: a maioria dos órfãos era filha de trabalhadores da limpeza, do transporte, da alimentação e do setor informal, grupos mais expostos ao vírus e com menor possibilidade de isolamento. Segundo a promotora Andréa Santos Souza, coautora do estudo e atuante em Campinas (SP), a dificuldade financeira é o principal impacto imediato da orfandade. Durante a pandemia, Andréa percebeu o aumento de pedidos de guarda e investigou os casos. “Essas crianças estavam ficando órfãs sem representação legal”, conta. Além da perda, muitas foram expostas a violações de direitos, como separação de irmãos, adoções ilegais, trabalho infantil, casamentos precoces e exploração sexual. O estudo também contou com informações da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, que mostrou que 12,2 mil crianças de até seis anos ficaram órfãs entre março de 2020 e setembro de 2021. O sistema de registro civil, que vincula o CPF dos pais ao dos filhos desde 2015, permitiu um retrato mais preciso do impacto. Mesmo após o fim da pandemia, as pesquisadoras alertam para a necessidade de políticas públicas específicas para os órfãos da covid-19, grupo que não conta com programas voltados exclusivamente a suas necessidades.  “Essas crianças não desapareceram quando a pandemia acabou. Elas continuam precisando de apoio social e psicológico”, reforça Lorena Barberia. “É um novo grupo vulnerável que o Brasil precisa enxergar".  Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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