
Depois dos 40: como criadoras de conteúdo estão quebrando tabus e transformando maturidade em potência
Em tempos em que reality shows como "Casamento às Cegas" viralizam com a mensagem de que "nunca é tarde" para viver novas histórias, um movimento semelhante tem ganhado força em outro universo: o da criação de conteúdo adulto. Longe do estigma de que esse mercado pertence apenas à juventude, mulheres com mais de 35, 40 e até 50 anos estão transformando a maturidade em um trunfo profissional.
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Na FanFever, plataforma brasileira de conteúdo por assinatura, histórias de reinvenção ganham espaço e mostram que autenticidade pode ser mais sedutora do que qualquer padrão imposto. Bianca, Audilene Lima, Emme White e Pamela Hotwife são exemplos de mulheres que, após vivências marcadas por crises pessoais, divórcios e julgamentos, encontraram na criação de conteúdo não só independência financeira, mas também uma forma de recuperar autoestima, liberdade e autonomia.
Aos 50 anos, Bianca simboliza essa virada. Com formação diversificada e uma carreira consolidada em multinacionais, encontrou sua verdadeira vocação ao romper com padrões sociais que limitavam sua expressão. "Minha maior transformação foi de dentro para fora", afirma.
O ponto de virada aconteceu durante um casamento opressor, em que sua sensualidade era reprimida por um parceiro que, paradoxalmente, consumia conteúdo de outras mulheres online. Ao conhecer o camming, descobriu um espaço de autorrealização. Ainda assim, ao começar, aos 27 anos, foi rotulada como "MILF" — um rótulo que, na época, ainda carregava conotações negativas, devido à preferência do público por criadoras mais jovens. Hoje, ela celebra a maturidade com orgulho:
"Há um charme em envelhecer. A beleza da maturidade com um rosto sem procedimentos, as rugas, os cabelos brancos."
Para Audilene Lima, a entrada nesse mercado aconteceu em meio a uma crise profunda: um divórcio, a falência da empresa e uma difamação devastadora. Um material educativo produzido por ela foi adulterado em uma montagem obscena que viralizou em sua cidade, gerando isolamento social e perda de oportunidades profissionais.
"O meu mundo começou a desmoronar. Eu comecei a perder tudo", relembra. O episódio, que a levou ao extremo de ter pensamentos suicidas, acabou sendo o ponto de partida para uma reinvenção.
"Transformei aquilo numa oportunidade de negócio. Pensei: 'Uma mulher com mais de 40 anos, sendo objeto de desejo... tem algo positivo nisso!'."
Com o slogan "A Coroa mais desejada do Brasil", ela não apenas reconstruiu sua vida, como também alcançou independência financeira em tempo recorde, conquistando seu próprio patrimônio. "Voltei como uma fênix das cinzas", diz.
Ao contrário da maioria, Emme White entrou no conteúdo adulto de forma planejada, aos 35 anos. Ex-dançarina, encarou a nova profissão como uma escolha estratégica. "A maturidade de entrar nesse nicho com mais de 35 anos me trouxe mais tranquilidade e consciência", analisa.
A experiência lhe deu clareza para filtrar críticas e focar no crescimento. "Ninguém se preocupa realmente com você além de você e das pessoas que te amam. O resto é só ruído."
Com quase uma década de carreira, ela afirma que seu desempenho financeiro segue em ascensão, contrariando a ideia de que o desejo tem prazo de validade.
Pamela Hotwife, por sua vez, trouxe da antiga carreira de cabeleireira a habilidade de comunicação, a criatividade e a resiliência que hoje aplica no conteúdo adulto. Ao aceitar sua sexualidade como parte natural da vida, compreendeu que maturidade é um diferencial — e não uma limitação.
"O principal obstáculo que enfrentei foi o mito de que conteúdo adulto é só para jovens", lembra. "Sexualidade não tem prazo de validade. Mulheres maduras também são desejáveis e donas de suas narrativas", destaca.
Sua abordagem vai além da performance: valoriza intimidade, prazer real e conexão genuína. Com humor, transparência e respeito, construiu uma comunidade fiel que a vê não apenas como criadora, mas como inspiração para mulheres que desejam se reinventar.
O sucesso profissional de mulheres acima dos 35 e 40 anos em um setor competitivo como o da criação de conteúdo adulto é uma prova de que a idade não é uma barreira, e pode, inclusive, ser um diferencial. A trajetória dessas criadoras simboliza a emancipação do desejo feminino, quebrando estigmas, reinventando padrões e inspirando outras mulheres.
O veredito entre elas é unânime: o segredo do sucesso está em abraçar quem você é, com autenticidade e verdade.
"Não tente se parecer com uma produtora mais nova. Seja você mesma, acredite no seu potencial, valorize seus pontos fortes, sua experiência", aconselha Bianca. "Respeitem a sua história e coloquem no seu conteúdo a sua verdade", indica Audilene. "Não compare sua jornada com a de outras. Sua história é única", complementa Pamela. "Analise os prós e contras... e se joga!", encoraja Emm
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