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'Cidades do futuro': 'Precisamos construir resiliência para ter um lar por gerações', diz diretor de clima de Boston

03/11/2025 06:30 O Globo - Rio/Política RJ

Os altos prédios característicos da paisagem de Boston são a principal fonte individual de emissões de gases de efeito estufa na cidade americana. Os arranha-céus, porém, também viraram o chamariz de um projeto que visa tornar o município de Massachusetts neutro em carbono até 2050. A estratégia colocou a iniciativa no radar do Local Leaders Climate Awards 2025. Esse e outros finalistas do prêmio — que será entregue em cerimônia no Rio nesta terça-feira, durante evento que antecede a COP30, em Belém — inspiram a série de entrevistas “Cidades do futuro”, que agora ouve Brian Swett, diretor de Clima da Prefeitura de Boston.
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Brian Swett, diretor de Clima da prefeitura de Boston
Divulgação
O que é o projeto e quais são seus principais objetivos?
Boston está trabalhando para se tornar uma cidade neutra em carbono até 2050. O foco mais significativo para atingir esse objetivo são as emissões de edifícios. Os prédios são a maior fonte individual de emissões de gases de efeito estufa na cidade, representando cerca de 70% das emissões totais. O "Building emissions reduction and disclosure ordinance" (Berdo) é uma lei municipal que visa reduzir a poluição do ar e as emissões de gases de efeito estufa geradas por esses grandes edifícios. Os proprietários de prédios sujeitos ao BERDO são obrigados a relatar suas emissões anuais, bem como o consumo de energia e água. A partir deste ano, edifícios com pelo menos 35 unidades ou 35.000 pés quadrados também precisarão cumprir os padrões de emissões estabelecidos pela legislação, por tipologia de prédio e por metro quadrado. Já os edifícios residenciais com 15 a 35 unidades ou com tamanho entre 20.000 e 35.000 pés quadrados deverão começar a cumprir os padrões de emissões a partir de 2030. Esses padrões se tornarão mais rigorosos a cada cinco anos, exigindo que os edifícios reduzam gradualmente suas emissões, com todos os prédios devendo atingir emissões líquidas zero até 2050.
Uma parte importante da iniciativa, então, é o engajamento dos donos desses prédios. Qual tem sido a resposta até agora?
Estamos nos envolvendo com líderes empresariais e gestores de habitação acessível há anos. Isso incluiu um engajamento profundo durante a criação da lei e durante o processo regulatório. Boston realiza workshops presenciais e webinars, mantém um help desk e promove consultas para engajar e apoiar os proprietários de edifícios sujeitos à lei. Também temos um Grupo de Trabalho de Imóveis Comerciais que se reúne regularmente para compartilhar o feedback da comunidade imobiliária sobre o Berdo. Como uma cidade costeira altamente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, especialmente à elevação do nível do mar, os empresários compreendem a importância de demonstrar liderança global na redução de emissões, para que todos possamos evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
Quais melhorias concretas o projeto traz para a vida da população?
Reduzir as emissões de prédios por meio da adoção de energia limpa melhora a qualidade do ar na cidade e nas residências, ao mesmo tempo em que reduz a pegada climática de Boston. No entanto, uma parte crítica do Berdo é o Equitable Emissions Investment Fund (Fundo de Investimento em Emissões Equitativas), que financia projetos de descarbonização de edifícios em comunidades de justiça ambiental de Boston — ou seja, comunidades de baixa renda que sofrem impactos desproporcionais das mudanças climáticas e da poluição. Atualmente, Boston está no processo de concessão de quatro subvenções para o ciclo de 2025, para financiar melhorias em edifícios que melhorem a qualidade do ar e a saúde humana, reduzam as emissões de carbono e tornem as residências mais confortáveis nesses bairros de justiça ambiental.
Como a cidade arrecada recursos para a iniciativa?
No Berdo, uma das opções é que os proprietários façam Pagamentos Alternativos de Conformidade (US$ 234 por tonelada de CO₂ equivalente) caso ultrapassem os limites anuais de emissões. Esses pagamentos vão para o Equitable Emissions Investment Fund, que, por sua vez, concede recursos a organizações sem fins lucrativos locais para executar projetos de redução de emissões em edifícios que beneficiem comunidades de justiça ambiental.
Houve resistência de segmentos da população que negam as mudanças climáticas?
Felizmente, não realmente. Como cidade costeira, os habitantes de Boston entendem que combater as mudanças climáticas é importante para a segurança das comunidades. Somos uma cidade e economia fundamentadas na ciência, e os residentes e empregadores sabem que não temos o luxo de negar a ciência climática nem as realidades locais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem uma reconhecida agenda negacionista sobre clima. Existe algum tipo tensão com os governos federal ou estadual?
O Ber

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