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Tarcísio defende que PCC seja classificado como grupo terrorista: 'quer se sobrepor ao Estado'

03/11/2025 13:40 O Globo - Rio/Política RJ

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu que o Primeiro Comando da Capital (PCC) seja classificado como uma organização terrorista. Segundo ele, a facção criminosa que se originou no estado paulista e se expandiu pelo país já realizou ações como incendiar ônibus, rebeliões em presídios e atentados contra agentes da segurança pública, o que "impõe o terror".
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— Vamos lembrar o que o PCC fez no estado de São Paulo em 2006. Um grupo que age como o PCC agiu lá atrás tem que ser classificado como grupo terrorista — afirmou o governador, em entrevista concedida à jornalistas na cidade de Mirandópolis (SP), neste sábado.
Em maio de 2006, os bandidos da facção mataram 54 policiais, guardas civis e bombeiros, muitos durante suas folgas. Naquele mês, a Secretaria de Segurança de São Paulo decidiu transferir 765 detentos ligados ao PCC para uma penitenciária de segurança máxima no interior do estado, mas havia uma ordem de retaliação dentro do grupo criminoso caso isso ocorresse. Delegacias, postos de policiamento, ônibus e bancos também foram atacados, conforme o Blog do Acervo, do GLOBO.
— Um grupo que coloca a barricada na entrada de uma comunidade, que impõe o terror, queima ônibus, quer impor determinadas regras ao estado, quer se sobrepor ao Estado, que domina um determinado território afastando a política pública do cidadão, está realmente se impondo pelo terror e precisa ser classificado como terrorista — completou Tarcísio.
De acordo com o governador, a classificação acarretará o endurecimento das penas, que hoje são mais suscetíveis a determinados benefícios de progressão. Os criminosos também deixariam de ser passíveis de indulto, apontou Tarcísio.
Maioria da população defende
De acordo com dados da pesquisa Genial/Quaest obtidos com exclusividade pelo GLOBO, publicada nesta segunda-feira, a equiparação de facções criminosas a grupos terroristas é apoiada por 72% da população do Rio de Janeiro, cidade em que ocorreu a megaoperação contra o Comando Vermelho na semana passada, com 121 mortos.
O enquadramento das facções, embora tenha menor adesão entre lulistas (49%) e eleitores que se identificam com a esquerda (36%), ganha amplo apoio dos demais grupos de eleitores: 74% entre os que se identificam como independente; e 91% e 95% entre bolsonaristas e grupos que se identificam com a direita, respectivamente (veja pesquisa completa aqui).
Na noite da última quinta-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL-RJ), anunciou a criação de um "consórcio da paz" junto a governadores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O encontro, realizado no Palácio Guanabara, serviu de plataforma para cobranças ao governo Lula (PT) na área de segurança.
Governo prevê intervenção
No dia seguinte ao anúncio, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), reagiu ao encontro. Sem citar a recusa do Ministério da Justiça em classificar as facções criminosas do Brasil como grupos terroristas, ela afirmou que esses mandatários querem causar "divisão política" e colocar o Brasil "no radar do intervencionismo militar" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na América Latina.
Gleisi também destacou que os governadores deveriam focar na implementação da PEC da Segurança, proposta pelo governo, mas que é criticada pelos gestores de direita. No mês passado, na ONU, o presidente Lula demonstrou que a preocupação do governo brasileiro é que a equiparação sirva de pretexto para intervenções militares de países com poderio bélico — em especial os EUA — na América Latina.
No mesmo dia da operação, no entanto, políticos da oposição passaram a utilizar a ação policial para criticar o governo. Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), por exemplo, associou a expansão das atividades do Comando Vermelho com a falta de classificá-lo como uma organização terrorista. "É tudo muito vergonhoso e cabuloso", definiu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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