
Casa Branca avalia restringir exportação de softwares americanos para a China, admite secretário
O governo de Donald Trump está avaliando restrições de exportação à China que proibiriam a compra de uma ampla gama de softwares críticos, admitiu hoje o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent.
A confirmação, dada sob condição de anonimato para detalhar deliberações internas, ocorreu após reportagem da agência Reuters dizendo que os EUA estariam considerando medidas semelhantes às impostas contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, caso a China não revertesse sua ameaça de restringir exportações de terras-raras.
A notícia afetou as ações no mercado financeiro americano, principalmente de empresas de tecnologia.
— Tudo está na mesa — disse Bessent a repórteres nesta quarta-feira, ao ser questionado sobre limites à exportação de software para a China. — Se esses controles de exportação, seja fr software, motores ou outras coisas, acontecerem, provavelmente será em coordenação com nossos aliados do G-7.
A reportagem da Reuters não detalhou quais restrições específicas seriam adotadas nem apresentou cronograma definitivo para anúncio das novas medidas, mas os EUA já implementaram controles de exportação sobre software de planejamento de recursos empresariais (ERP), de gestão de relacionamento com clientes (CRM) e de projeto auxiliado por computador (CAD) contra a Rússia nos últimos anos.
Não está claro quão avançada está a iniciativa. Quaisquer restrições tecnológicas amplas à China poderiam desestabilizar uma economia americana já frágil, que ainda absorve o impacto das tarifas impostas por Trump. Por isso, as ações de big techs tiveram um dia ruim.
'Boas intenções' em negociação
Por outro lado, Bessent acrescentou que altos funcionários dos EUA estavam entrando em negociações com o governo chinês “com boas intenções” e “grande respeito”.
Tanto Pequim quanto Washington têm adotado o padrão de antecipar medidas comerciais punitivas antes das negociações, numa forma da alavancar suas fichas de barganha para conversas voltadas à redução de barreiras entre as duas maiores economias do mundo.
No início deste mês, Trump disse que imporia uma tarifa adicional de 100% à China, bem como controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico” a partir do início do próximo mês.
Os EUA declararam que a medida seria em retaliação às restrições anunciadas pela China sobre o fluxo de minerais de terras-raras críticos para a fabricação de numerosos produtos de consumo — incluindo motores, semicondutores e jatos de combate — assim como às novas taxas portuárias sobre navios dos EUA.
Mas Trump também previu que as negociações planejadas para a próxima semana com o presidente chinês Xi Jinping resultariam em um “bom acordo” sobre comércio.
Conversa será longa, diz Trump
Trump disse aos repórteres também hoje que espera ter uma “reunião relativamente longa” com Xi:
— Podemos resolver muitas de nossas perguntas e dúvidas e nossos ativos tremendos juntos — afirmou. — Acho que algo vai dar certo. Temos uma relação muito boa, mas vai ser algo importante.
Trump também ameaçou retaliação diferenciada no início desta semana contra Pequim caso os dois lados não conseguissem fechar um acordo.
— Eles não conseguem peças para seus aviões. Nós construímos os aviões deles — disse Trump em reunião com o Anthony Albanese, primeiro-ministro australiano, na Casa Branca.
Fonte original: abrir