
Morre Lauro Monteiro Filho, referência nos direitos da criança no Brasil
Por décadas, o pediatra Lauro Monteiro foi uma das referências no país na defesa de ações para proteger crianças e adolescentes de serem vítimas de agressões físicas e sexuais. Em1990, o médico fez parte da comissão que ajudou na redação do texto do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sendo responsável pela parte que trata da prevenção ou ocorrência de ameaça ou violação de direitos de menores no Brasil.
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Lauro Monteiro foi pioneiro, no início dos anos 2000, na discussão no Brasil das consequências do bullying depois de visitar instituições especializadas no tema na Inglaterra. Em 2002, como presidente da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência, (Abrapia) apresentou uma pesquisa por amostragem em parceria com o Ibope onde constatou-se que 40,5% dos alunos do antigo primeiro grau, entre a 5ª e 8ª séries de escolas do Rio, tinham praticado ou sofreram bullying naquele ano.
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Formado pela Escola Nacional de Medicina. Lauro Monteiro iniciou na profissão em 1961, atendendo em clínica particular. Trabalhou também no Serviço de Pediatria do Hospital Souza Aguiar entre 1961 1994. Por anos, o médico chefiou o departamento, tendo criado na unidade, no início dos anos 1980 o Programa de Hospitalização da Criança Acompanhada (Phoca). O programa garantia que menores internados tinham direito a acompanhamento de um dos pais ou responsável durante a hospitalização. Somente em 1990, com a entrada em vigor do ECA,a presença de companhante passou a ser obrigatória.
Ex-deputado
Entre 1996 e 1998, ele exerceu mandato de deputado na Alerj, onde presidiu a Comissão da Criança, da Mulher e do Idoso, com foco em projetos ligados à Saúde Pública, proteção social e os direitos da infância.
Em 1988, quando fundou a Abrapia, criou o primeiro serviço de Disque Denúncia contra a violência a menores. O projeto foi uma espécie de percursor do Disque 100, do governo federal, criado para receber denúncias de violências contra os Direitos Humanos.
Lauro Monteiro também dirigiu a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) tendo criado também o programa SOS Crianças Desaparecidas. O médico, que tinha 88 anos estava aposentado, morreu nesta quarta-feira, por complicações de uma pneumonia. Ele vinha enfrentando problemas de saúde desde janeiro, depois de ter sofrido uma queda em casa. O profissional deixa três filhos: as jornalistas Claudia Montenegro e Sílvia Monteiro;e o diplomata Ricardo Monteiro. O velório está marcado para esta quinta-feira, no crematório São Francisco Xavier, no Caju.
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