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Buzeira e Rodrigo Morgado: quem são influenciador e empresário presos na operação Narco Bet

21/10/2025 07:01 O Globo - Rio/Política RJ

A Polícia Federal deflagrou, na semana passada, a Operação Narco Bet, com objetivo de combater o crime organizado financeiro no Brasil. Onze pessoas foram presas. O foco da investigação é um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas, com desdobramentos em quatro estados brasileiros e ramificações na Alemanha. A operação resultou na prisão do influenciador Buzeira e do empresário Rodrigo Morgado.
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A operação, que teve apoio da Polícia Criminal Federal alemã, é um desdobramento da Operação Narco Vela, iniciada em abril, após a apreensão de quatro toneladas de cocaína em um veleiro brasileiro pelas autoridades norte-americanas, na costa da África. A apreensão motivou uma investigação que desvendou uma rede criminosa internacional.
Buzeira
Alexssander Souza Silva ficou conhecido nas redes sociais por divulgar rifas online e ostentar carros, joias e outros bens de luxo para seus mais de 15 milhões de seguidores. Em julho deste ano, o influencer viralizou ao arrecadar uma quantia milionária — estimada em R$ 10 milhões, segundo o Extra — com a gravata de seu casamento com Hillary Yamashiro.
Durante o casamento, amigos anônimos e famosos do influenciador lideraram a tradição de "vender" um pedaço da gravata do noivo em troca de quantias em dinheiro para o casal. Na ocasião, os convidados precisaram optar pelas opções "pix ou pega". Caso não fizessem uma transação, deveriam ceder algum bem pessoal — e vários acabaram repassando itens de luxo, como joias e relógios.
Entre os convidados da festa, estavam MC Daniel, Jon Vlogs, MC Ryan SP e Hytalo Santos — este último detido dias depois na esteira de uma investigação de exploração de menores de idade. Depois do festejo, Hytalo foi às redes sociais reclamar que um amigo havia "perdido" uma pulseira de R$ 250 mil na brincadeira da gravata. Ele disse ter ido embora do evento após a dinâmica.
O influenciador digital estava no centro da investigação que apurava desvio de valores da comissão do contrato de patrocínio com a empresa de apostas Vai de Bet. Em maio, a Polícia Civil de São Paulo concluiu que mais de R$ 1 milhão pago pelo Corinthians à intermediária do patrocínio da Vai de Bet foram desviados e acabaram na conta da UJ Football Talent, empresa apontada como ligada ao PCC. Segundo o relatório, o clube foi vítima de uma sofisticada operação de lavagem de dinheiro.
Buzeira ostentava coleção de carros de luxo nas redes sociais
Reprodução / Instagram
Entre os principais artifícios usados para dissimular os valores, estavam notas fiscais frias, contratos de "sócio oculto", com o objetivo de blindar o patrimônio, criação de holdings e compra de empresas para obtenção de licenças para apostas online, como no caso das plataformas BRX.BET e RICO.BET, de propriedade do influenciador Buzeira.
As investigações chegaram até o grupo após análise de materiais apreendidos na Operação Narco Vela, em que Morgado já era apontado como o contador e articulador financeiro da rede. Em conversas interceptadas, ele trata diretamente de operações milionárias com Buzeira, como a compra de um imóvel de luxo com pagamento direto da conta de Morgado, sem passar pelas contas do influenciador; transferências de R$ 400 mil para uma lancha e R$ 210 mil para itens de luxo; emissão de nota fiscal de R$ 50 milhões pela empresa Buzeira Digital e uso de terceiros, como o irmão do influenciador, Lucas Fernando Silva (o “Mingau”), para receber valores suspeitos. Foram R$ 590 mil em apenas dois meses.
As empresas Evipes, NGX Holding, Infinity Serviços Administrativos e a própria Buzeira Digital foram classificadas como núcleos de dissimulação de capitais ilícitos.
Rodrigo Morgado
Relatórios de inteligência financeira apontam o empresário como chefe e "possível operador logístico-financeiro de um amplo esquema de movimentação e lavagem de capitais". Ele e o influenciador formavam um grupo criminoso que, segundo as investigações, utilizava movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais para ocultar a origem ilícita dos valores e dissimular o patrimônio.
Um relatório encaminhado de forma espontânea pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) à Polícia Federal descreve como Morgado, direta ou indiretamente, estruturou e coordenou transações milionárias destinadas ao setor de apostas on-line. Para mascarar a origem ilícita dos recursos, segundo as apurações, o empresário utilizou "uma rede de empresas de fachada, intermediadores de pagamento e pessoas interpostas".
"Centenas" de pessoas físicas e jurídicas participaram do esquema, ainda de acordo com o relatório financeiro, mas a Evipes Soluções em Pagamento On-Line Ltda, a Ngx Holding de Participações

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